Radicada em Brasília, a cantora amapaense Emília Monteiro, que acaba de lançar seu disco 'Cheia de graça', pode ser uma boa artista para provar que estes dois mundos, o da MPB tradicional e o do pop cult de eletrizar radiolas, têm mais pontos em que comum do que se imagina. Primeira intérprete a gravar, em 1998, o clássico marabaixo 'Mal de amor' (de Val Milhomem e Joãozinho Gomes), ela investe nos ritmos de sua região, chega às Antilhas com o zouk love e promove fusões do batuque com o jazz e o carimbó.
Emília, que ficou quase 10 anos se dedicando à família, voltou à ativa em 2008 e começou a trabalhar nesse disco. Ganhou da dupla Joãozinho Gomes e Val Milhomem a música Mão de couro, que no disco conta com o mestre da guitarrada Aldo Sena. Da hoje festejada Dona Odete paraense veio Veneno de cobra e Eu quero esse moreno para mim, com direito a participação especial nas duas faixas. A brasiliense Ellen Oléria, nova aposta da indústria e vencedora do The Voice Brasil 2012, cedeu Córrego rico. E o paulista Nanon compareceu com Descalço e Mandacaru, que abre o disco com dois minutos e meio de síntese e frescor.
O mais paulista dos maranhenses, Zeca Baleiro, ofereceu Coisinha, com letra da carioca Suely Mesquita, que aproveitou para fazer a supervisão vocal do disco. E as campeãs de festivais Simone Guimarães e Márcia Tauil inauguram parceria com Meus ventos. O produtor e arranjador João Ferreira conseguiu dar unidade a esta diversidade e fazer o disco soar coeso.