Musica

Menos roqueiro, novo álbum do Tianastácia aposta na diversidade

Disco Love Love foi produzido por Liminha no estúdio Nas Nuvens

Mariana Peixoto

Novo disco da banda, gravado no Rio de Janeiro, vai ter show de lançamento em dezembro

É duro crescer, quanto mais se tornar maior. Aos 18 anos, depois de experimentar as dores e delícias de uma trajetória nem sempre ascendente, o Tianastácia chega ao nono álbum, oitavo de estúdio. Quatro anos após No país das maravilhas, o hoje quinteto – Podé e Maurinho (vozes e violões), Glauco (bateria), Beto (baixo e guitarra) e Antônio Júlio (guitarra, voz, violão e teclado) – lança Love love.


As 10 faixas (nove autorais) mostram que a maturidade fez arrefecer os ânimos. O DNA do Tianastácia continua presente, seja no deboche ou nas referências a outras épocas, mas não há como negar que é o trabalho menos roqueiro da banda. Foi gravado no Rio de Janeiro, no estúdio Nas Nuvens, do produtor Liminha. O nome do ex-mutante veio depois que a banda iniciou os trabalhos que não foram para a frente com produtores de BH. Ligaram, meio sem compromisso, para saber se ele topava a empreitada.

Liminha foi além, gravando guitarra e baixo. Levou ainda para o projeto alguns colaboradores, como o percussionista Marcos Suzano. O pandeiro de Suzano marca um dos destaques do álbum, El nobre aventurero, cantada em um portunhol divertido, com acento latino enfatizado pela presença de mariachis (descobertos, ao acaso, durante a inauguração de um restaurante mexicano localizado ao lado do Nas Nuvens). A faixa-título, que acabou entrando para a trilha da comédia Mato sem cachorro (que chega aos cinemas nas próximas semanas), tem levada country-rock e uma letra (de Beto Nastácia) engraçada sobre a relação do dono com seu cachorro (a canção também acabou sendo gravada pela cantora teen Larissa Manoela, revelada na versão brasileira da novela Carrossel).

Os momentos solares do álbum também pertencem a Alô, alô, alô, um ska que remete aos Paralamas da década de 1990 e ao samba-rock Quando ela passa a mulherada fica até sem graça, com participação do rapper Rapadura, do DJ Negralha e do coro do grupo Meninas do Rio. Já com uma experiência anterior com os Mutantes (Balada do louco), desta vez gravaram Posso perder minha mulher, minha mãe, desde que eu tenha meu rock’n’roll (Rita Lee/Arnaldo Baptista/Liminha), absolutamente diferente do registro original, agora com acento funkeado. A parte menos inspirada do álbum traz algumas baladas, daquelas fáceis de emplacar e cantar junto: O último beijo, a última noite, a última hora e Todo amor tem seu preço são duas delas.

Operário O Tianastácia prensou 3 mil cópias de Love love. O formato digital do álbum virá nos próximos meses, para que o público da banda conheça todo o trabalho. Somente depois de dar uma azeitada no novo repertório é que o grupo vai fazer show de lançamento. Por ora, vem cumprindo a agenda. Fez há duas semanas, no Granfinos, show do álbum Acebolado, a celebrada estreia de 1995. Agora se prepara para um show grande, em 2 de novembro, no Mega Space, quando toca na mesma noite que Red Hot Chilli Peppers.

“Hoje a gente se chama de operário da música”, afirma Maurinho. Já fazem quatro anos em que, a bordo de duas caminhonetes e uma carreta, a banda viaja pelo país para os shows. “A gente faz acontecer mesmo. Três, quatro anos sem lançar um disco e neguinho acha que você já era”, continua o vocalista. Muito antes pelo contrário. “Hoje, chegamos numas ‘quebradas’ e vem um cara da cidade dizendo que ainda bem que fomos para levar rock’n’roll. É isso que dá força para a gente”, finaliza.


Mosh maldito

Há quatro anos à frente do Maurinho e os Mauditos, banda com repertório baseado nos malditos da música brasileira (Walter Franco, Tom Zé, Sérgio Sampaio, Belchior, entre outros), o vocalista vem preparando o primeiro álbum desse projeto. Será gravado no estúdio Serrassônica, sob a produção de Ronaldo Gino. A ideia é lançar em 2014 o CD, que vai trazer canções autorais. “São músicas minhas que não entram no repertório do Tianastácia”, diz Maurinho. De versões, por ora uma foi escolhida: Na hora do almoço, de Belchior. Os Mauditos fazem sempre versões roqueiras. “Nos shows, o pessoal tem feito mosh de Sérgio Sampaio (Eu quero é botar meu bloco na rua)”, conta.