Embora o termo música antiga remeta à produção anterior à época atual, ele é empregado para definir o repertório dos períodos medieval (500 – 1450), renascentista (1450 – 1600), barroco (1600 – 1750) e clássico (1750 – 1820). Parte da música do período romântico (1820 – 1900) é tocada até hoje e alguns de seus elementos continuam presentes ou influenciam a interpretação contemporânea, motivo pelo qual o romantismo não é considerado música antiga.
O tema não está necessariamente ligado a uma época específica. Trata-se de definição empregada para certas obras com o intuito de justificar uma quebra de padrão estético. “Essas obras extrapolam a imaginação – não só nas artes visuais, mas também na música, com a exploração de instrumentos não usuais de outros países e sonoridade distinta, por exemplo. Era uma permissão, uma liberdade que o artista se permitia ter”, completa Iara.
Para comprovar que essa atitude artística permanece, ela cita como exemplo o luthier mineiro Roberto Batista Guimarães, que trabalha com instrumentos inspirados naqueles usados por intérpretes da música antiga. Hoje de manhã, ele participará, no Conservatório UFMG, de encontro com o público ao lado dos colegas Fernando Ferreira (Brasil) e Rudolf Tutz (Alemanha). Artistas vão tocar e auxiliar o público a compreender os instrumentos.
Os grupos Música Ficta (Colômbia), Ensemble Calliophon (Noruega) e Concerto Soave (França) são alguns dos destaques da programação, além do Coral Ars Nova da UFMG. Músicos renomados internacionalmente, como o norueguês Lars Henrik Johansen (cravo), o suíço Hopkinson Smith (instrumentos de corda, como alaúde barroco) e os brasileiros Luis Otávio Santos (violino barroco), Cláudio Ribeiro (cravo) e Josinéia Godinho (órgão e cravo) também vão se apresentar. Alguns concertos serão realizados em igrejas.
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Público Além desse encontro, outras ações deverão atrair o público, como o baile de máscaras marcado para sábado que vem, no Espaço Cento e Quatro, na capital mineira. Subirão ao palco a Orquestra da Escola de Música da UFMG e grupo especial de instrumentistas, além de alunos de dança barroca e bailarinos profissionais que instigarão as pessoas a dançar à moda antiga num ambiente que recria as velhas cortes europeias.
“A ideia desse baile é que a plateia não seja passiva, mas que participe ativamente. Isso nos faz repensar a forma de apresentar nossas atividades. O público tem crescido tremendamente, o alcance do evento é muito maior, com perfil diversificado de participantes. Pelas inscrições para as aulas, receberemos gente não só de outros estados, mas de países vizinhos como a Colômbia. Há muitas pessoas investindo em música antiga”, explica Iara.
Um espetáculo se destaca: Barroco para crianças, a cargo do Estúdio Barroco, trio formado por Sueli Helena de Miranda (flauta doce), Cecilia Aprigliano (viola da gamba) e Ana Cecilia Tavares (cravo e espineta), dedicado a apresentar ao público infantil o repertório brasileiro e europeu dos séculos 17 e 18. Cenários, adereços e figurinos especiais recriarão a atmosfera da época com a ajuda de mestre de cerimônias.
“Esse espetáculo foi proposto pelo próprio grupo e o achamos fascinante, inclusive para formação de público. Ele faz releitura das obras, é trabalho de quem tem grande conhecimento pedagógico. Há a preocupação de criar laço de identidade com o público. As crianças têm muito mais abertura que os adultos, menos preconceito”, revela Iara. As apresentações do Estúdio Barroco ocorrerão na quarta-feira, em Belo Horizonte, e no sábado que vem, em Tiradentes.
Ouça Ciaconna, de Bach, pelo suíço Hopkinson Smith:
Concerto no. 1 em Fá Maior (Allegro assai - Adagio - Allegro), "Sinfonia e concerto a cinco", op. 2, de Tomaso Giovanni Albinoni:
PROGRAMAÇÃO
» HOJE
12h – …d’Amore. Com Seconda Prattica Ensemble (Brasil). Conservatório UFMG (Av. Afonso Pena, 1.534, Centro de BH)
20h30 – Oye, escucha, aguarda... Com Música Ficta (Colômbia). Teatro Bradesco (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes, BH)
20h30 – A quest’olmo, a quest’ombre et a quest’onde... Com Ensemble Calliophon (Noruega). Casa da Ópera, Ouro Preto
» AMANHÃ
12h15 – Stylus Phantasticus – bound to nothing. Com Lars Henrik Johansen (Noruega). Catedral da Sé de Mariana
17h – The winds of change... Com Hopkinson Smith (Suíça). Conservatório UFMG
20h30 – O violino extravagante: a gênese da sonata barroca. Com Luis Otávio Santos (Brasil) e Cláudio Ribeiro (Brasil). Conservatório UFMG
» SEGUNDA
20h30 – A quest’olmo, a quest’ombre
et a quest’onde.... Com Ensemble Calliophon (Noruega). Catedral da Boa Viagem, em BH
» QUARTA
14h30 – Barroco para crianças. Com Estúdio Barroco. Escola de Música da UFMG, câmpus da UFMG, Pampulha
20h30 – Concerto dos professores. Conservatório UFMG
» QUINTA
20h30 –Concerto dos professores. Conservatório UFMG
20h – Oye, escucha, aguarda... Com Música Ficta (Colômbia). Igreja de Santo Antônio, Tiradentes
20h30 – Dagli amorosi vermi consumato. Com Concerto Soave (França). Teatro Municipal de Sabará
» SEXTA
20h – Ibéria e Itália: o sacro e o profano na música para órgão nos séculos 16 a 18. Com Josinéia Godinho (Brasil). Igreja de Santo Antônio, em Tiradentes
20h30 – Concerto dos professores. Teatro Municipal, Sabará
» DIA 28
10h30 – Barroco para crianças. Com Estúdio Barroco (Brasil). Museu Casa Padre Toledo, Tiradentes
20h30 – Baile de máscaras. Espaço Cento e Quatro (Praça da Estação, 104, BH)
Tema de estudos
A Semana de Música Antiga é oportunidade para observar o avanço dos estudos acadêmicos na área. “Há temas mais gerais, como ópera francesa, e mais pontuais, como música barroca em Ouro Preto, além de palestras direcionadas para músicos, que completam os concertos e permitem apreciação mais rica”, diz a professora Maria Cecília Coelho, coordenadora científica do evento. Parte do trabalho dela inclui a articulação entre a música e áreas como filosofia, teatro, literatura e arquitetura.
4ª SEMANA DE MÚSICA ANTIGA DA UFMG
Até dia 29, em Belo Horizonte, Sabará, Ouro Preto, Mariana e Tiradentes. Atividades gratuitas. Informações: (31) 3224-6700 e www.semanamusicaantiga.
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