Ian Coury, de 11 anos, surpreende Brasília com seu bandolim

Garoto toca todos os domingos em um café na Asa Norte. Há quem se espante com a pouca idade, mas todos se rendem ao seu talento

por Paula Bittar 16/09/2013 09:50

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Correio Brazieliense
Ian Coury com o mestre Hamilton de Holanda: fonte de inspiração (foto: Correio Brazieliense)
Admiradores da boa música ficam rendidos com o som extraído do bandolim por Ian Coury, 11 anos. Os dedos se movem rapidamente no braço do instrumento colado ao peito de menino. O garoto encanta os frequentadores do Café do Chef (108 norte) no domingo à tarde. Quando começou ali, há quatro meses, era acompanhado apenas pelo pai, ao pandeiro, e por um amigo, ao violão. Hoje, a roda de choro em volta do jovem talento aumentou. Músicos aproveitam a oportunidade para praticar, trocar experiências e se divertirem. O maestro dessa brincadeira traz a leveza da infância e convida quem passa a ficar para ouvir.

“Maravilhoso! Um garoto tão novo tocando daquele jeito é impressionante”, fala Katherine Limonge, cliente conquistada pela música da turma. Não foi só o número de músicos que aumentou no últimos meses. A clientela tem sido atraída pelo bom som. “Todo mundo gosta muito. Estamos até pensando em fechar mais tarde aos domingos devido aos pedidos”, comenta Nádia Carvalho, gerente do café.

Tristeza só no nome
O choro ou chorinho é um ritmo que expressa a alma do brasileiro. É uma música boa, alegre e cheia de sentimento, segundo Hamilton de Holanda, um dos maiores nomes dessa escola e o grande ídolo de Ian Coury. Não é o estilo preferido da maioria dos jovens, muito menos das crianças. Tanto Ian quanto outros talentos da música brasileira seguem os passos de quem fez e faz história com o choro e preservam a cultura do país. Quem mostrou o chorinho para Ian foi Carlos, o pai, um dos exemplos que o menino segue.

Hamilton de Holanda também começou a tocar ainda pequeno. “Fico feliz de saber que ele vem estudando música, mas sem deixar de brincar com ela. E tem que ser assim mesmo nessa idade, fazer algo mais lúdico. Pela musicalidade que ele apresenta, tem futuro. Mas isso depende muito da dedicação dele”, afirma o músico. Hamilton convidou Ian, no fim do ano passado, para tocar em um show aqui em Brasília, no evento Bandolim Solidário. “Convidei para participar do show e ele arrasou, foi super aplaudido”, lembra Hamilton. A primeira vez que o músico ouviu o garoto foi por meio de um vídeo que um amigo enviou. “Fiquei impressionado com o jeitão dele para tocar e com a intimidade que tem com a música”, fala o bandolinista.

Iniciação
Começou a ter aula de cavaquinho aos 7 anos de idade, com apenas três meses se apresentou pela primeira vez. Continuou os estudos, mas queria mesmo era tocar guitarra. O pai disse que esperasse mais um pouco que lhe apresentaria um novo instrumento. Na época, o músico Armandinho Macêdo se apresentou no Clube do Choro. Ian foi com o pai e se apaixonou pela sonoridade do bandolim. Ouviu um conselho de um mestre e seguiu. “O Armandinho disse: larga o cavaquinho, pega o bandolim”, lembra. Esqueceu também da guitarra. Até tem uma, mas fica esquecida no canto do quarto.

O primeiro bandolim foi de oito cordas. Hoje, toca com um de 10. A diferença, em termo práticos, é o acréscimo de duas cordas mais graves. Elas possibilitam novas sonoridades, permitem um som mais completo. Quem desenvolveu e aprimorou o instrumento foi Hamilton de Holanda. “Pode até existir um dia alguém que toque como Hamilton, mas não melhor”, fala Ian sobre o músico que o inspira.

Todas as manhãs são reservadas para as lições. Intercala os dias com aulas de teoria musical, harmonia, improviso, coral e técnica. À noite, pratica um pouco antes do cansaço do dia abater. Além das aulas na escola de música, tem lições particulares com mais três professores. A rotina tão puxada não é um peso. Ian leva o chorinho com prazer. A grande escola foi participar da roda de choro Vila Madá, no Deck Shopping (Lago Norte), aos sábados. Já são dois anos ali aprendendo e brincando. Há muita diferença entre tocar somente para o professor e acompanhar outros instrumentos. Ali, o menino aprendeu a tocar em grupo. “Perdi o medo, fiquei mais solto para tocar”, conta.

Enquanto não sai pelo Brasil afora se apresentando, Ian segue com os estudos. O cuidado agora é com a técnica. Aprimorar cada vez mais o som. Ian Coury quer entrar na Universidade de Brasília e cursar composição. O futuro está todo desenhado, ou melhor, musicado pelo menino.


“Convidei o Ian a participar do show e ele arrasou, foi superaplaudido. Fiquei impressionado com o jeitão dele para tocar e com a intimidade que ele tem com a música”
Hamilton de Holanda, bandolinista

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