A transformação de Florence Welch em Enya da nova geração ocorreu em algum momento entre 'Lungs', de 2009, e 'Cerimonials', de 2011 - e esta popularização só ficou nítida em frente aos milhares do Rock in Rio, no sábado, 14, na segunda noite do festival.
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Welch passou por São Paulo em 2012, com um memorável show no Summer Soul Festival. Se já era uma história de sucesso indie demasiadamente mainstream, daquelas que agradam pais e filhos e acabam, assim, por espantar os filhos, havia conseguido disfarçar.
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Vestida de sacerdotisa celta, saltitando pelo Palco Mundo, pregando gospel new age para as massas, Florence perde força, como se tivesse todas as armas necessárias - a bela voz, a banda os hits -, mas lhe faltasse ganas para tirar o máximo de tudo isso.
A sensação fica nítida nos momentos-chave de suas músicas, em que a cantora não se esforça para alcançar as notas mais altas. 'Dog days', por exemplo, tem um melisma essencial na palavra “over” (“The dog days are over-ah-ah”). Sem isso, na versão que ouvimos no Rock in Rio 2013, é uma canção mediana. O mesmo acontece com 'Rabbit heart', cujo refrão é cantado ao vivo por Florence em um tom abaixo.
Assim, o bálsamo new age que dá cadência ao show serve de maquiagem à falta de raça. Mesmo assim, foi o melhor show do segundo dia e mostrou que um pop de maior sutileza também satisfaz a massa do Rock in Rio.