É como se tudo viesse pensado para fazer as pessoas tirarem o pé do chão o tempo todo. Os ranzinzas que estão no público precisam ter personalidade. País Tropical, Real Fantasia, Arerê, Berimbau Metalizado, Não Quero Dinheiro, Festa, Acelera Aê. Jogadas assim parecem repertório de festa de formatura. Mas no palco fazem sentido, com seus arranjos bem amarrados. Muito além do axé, ela migra para o rock, o funk, o reggae, mas tudo para ser absorvido por qualquer um.
Ivete não parecer querer ganhar status entre cantores e críticos. Sua sucesso é medido pela quantidade de cabeças em movimento. E no Rock in Rio, não houve um instante em que ela permitiu que esse movimento parasse. Quando pareceu acalmar, colocando um piano na festa, começou a cantar Love of My Life, do Queen, para espertamente lembrar do momento mais emocionante de todas as cinco edições do Rock in Rio. Fez o mundo que estava a sua frente cantar a música que um dia foi regida no mesmo Rock in Rio por Fred Mercury. Nenhuma tirada poderia ser melhor. Até Orlando Moraes, se fizesse o mesmo, colocaria a Cidade do Rock a seus pés. O Rock in Rio que não é mais apenas rock tem em Ivete Sangalo, que não é mais apenas axé, sua mais completa descrição.