Musica

César Lacerda lança o primeiro álbum na Virada Cultural, neste sábado

O mineiro faz show na Praça da Estação. Trabalho tem as participações de Lenine e Marcos Suzano

Eduardo Tristão Girão

Um dos nomes mais interessantes da nova geração de compositores mineiros, o cantor César Lacerda toca amanhã à noite durante a Virada Cultural de Belo Horizonte, na Praça da Estação. Será boa oportunidade para conferir as composições de seu recém-lançado disco de estreia, 'Porquê da voz', composto exclusivamente por canções próprias, algumas delas escritas com os parceiros Brisa Marques, Luiz Gabriel Lopes, Luiza Brina e Numa Ciro.


“Escrevi a canção que dá título ao disco há uns quatro anos e havia entendido que era assunto para uma obra maior. Fui me organizando para compor mais e daí veio a ideia de montar essa banda que me acompanha”, conta César, que nasceu em Diamantina, viveu em BH e há seis anos mora no Rio de Janeiro. A música a que ele se refere é de fato surpreendente e chama a atenção pelo ousado arranjo de cordas providenciado pelo irmão, Sérgio Rodrigo, que é compositor erudito.

Se essa canção prenuncia um disco ambicioso, no bom sentido? O artista responde: “Sim, do ponto de vista de composição, de como esse trabalho foi gravado e dos músicos que trabalharam comigo. Hoje, com tantas facilidades de produção, muitas vezes as pessoas fazem coisas rudimentares, singelas. No meu disco, quis me posicionar ao contrário, com alguma grandiosidade. Muitos amigos foram contrários a abrir o disco com essa música, mas quis defender algo esteticamente construído. É o meu caminho”.

Pai e mãe

O álbum começou a ser gravado ano passado com 19 músicos em oito estúdios de BH (onde mora a maioria dos parceiros), Niterói e Rio de Janeiro. A direção artística é do próprio César Lacerda, que deixou a produção a cargo do guitarrista Elísio Freitas e de Bruno Giorgi. “Elísio é um gênio, toca vários instrumentos. Já Bruno conheci na faculdade de música, dei um EP meu a ele e depois me disse que o pai dele pirou com o som”, conta. O pai, no caso, é Lenine.

César resolveu convidar Lenine para a gravação e o artista pernambucano não apenas aceitou como se mostrou bastante solícito, tendo cantado na faixa A dois. “Tudo indica que faremos um show juntos no Rio neste mês”, adianta César. Outra presença de peso é a do percussionista Marcos Suzano: “O Mateus Bahiense tocaria percussão, mas quebrou a mão. Ele ligou para o Suzano e achei que fosse tocar numa musica só, mas pediu para ouvir o disco e gravou em nove”.

O artista mineiro também percebe o disco como feminino em alguns aspectos. “Tenho três parcerias e a que escrevi com o Luiz Gabriel é uma canção sobre mulher, Simone de Santarém. Sou admirador do canto feminino e sinto que os cantores mais importantes do Brasil falam da importância da mãe como a pessoa que trouxe o canto para a vida de cada um. Também sinto isso”, justifica.

Com boas canções, como 'Herói e Namorin', o disco posiciona Cesar, de 26 anos, como uma das revelações do ano. Bom compositor, bom cantor e motivado pela vontade de fazer a diferença no cenário da MPB. “Tenho relação estreita com o que é produzido em Minas. Tenho parceiros, participo de shows e discos. Mas minha música não é de lugar nenhum. Não é música mineira em si, apesar de guardar a referência”, sintetiza.

Porquê da Voz

Show de lançamento do disco de César Lacerda
Sábado, às 23h, na Praça da Estação (Av. dos Andradas, 201, Centro)
Entrada franca
Informações no site da Virada Cultural.