Musica

Com tendência bossa-novista, Nouvelle Vague faz show no Sesc Palladium

Apesar de ter sido fundado pelos músicos franceses Marc Collin e Olivier Libaux, o grupo sempre optou por manter vozes femininas no vocal

Mariana Peixoto

Cantora Liset Alea, atual vocalista da Nouvelle Vague
Cantora Liset Alea, atual vocalista da Nouvelle Vague
Dez anos atrás, os franceses Marc Collin e Olivier Libaux lançaram 'Nouvelle Vague', álbum do coletivo homônimo que reunia versões de canções do universo pop das décadas de 1970 e 1980. 'Love will tear us apart' (Joy Division), 'Just can’t get enough' (Depeche Mode) e 'Guns of Brixton' (The Clash) ganharam registros delicados, originais, baseados em vozes femininas e forte acento bossa-novista. Algumas músicas eram bem conhecidas, outros, mais obscuras. Rapidamente, as 13 releituras do álbum de 2004 fizeram do Nouvelle Vague a nova onda daquele ano. Na época, o próprio Collin, tecladista, produtor e compositor, afirmou que a banda-projeto deveria ficar somente naquele trabalho.


Uma década mais tarde, o Nouvelle Vague, com mais alguns álbuns, continua na ativa. “Não tenho planos. Pode ser que fique por aqui; pode ser que continue a fazer turnês de tempos em tempos; e pode ser que grave um novo disco”, afirma Collin, o cabeça do coletivo francês que faz hoje, no Sesc Palladium, seu segundo show em Belo Horizonte. Em 2010, na estreia na cidade, no Palácio das Artes, a dupla se apresentou com as cantoras Karina Zeviani (brasileira) e Helena Nogueira (francesa de ascendência portuguesa). Dessa vez, quem está na comissão de frente é a cubana radicada em Paris Liset Alea e a francesa Elodie Frégé. Ainda que Collin nunca tenha contado, acredita que pelo menos 30 vozes femininas já tenham trabalhado no coletivo, seja nas turnês, seja nos álbuns.


O mais recente, por sinal, já tem três anos. 'Couleurs sur Paris' foi um trabalho bem diferente dos discos anteriores, 'Nouvelle Vague' (2004), 'Band à part' (2006) e '3' (2009). Pela primeira vez o grupo gravou versões de canções francesas – até então, o inglês era dominante. Curiosamente, foi mal recebido em seu país natal. “Foi o oposto do que esperávamos, ainda mais porque o gravamos para o público francês. Eram canções famosas cantadas por cantores conhecidas na França. E no exterior, Alemanha e Estados Unidos, entre outros países, ele foi bem”, continua Collin.


Tanto por isso, a apresentação desta noite será baseada nas gravações iniciais. “É uma espécie de ‘best of’, com músicas de todos os discos.” Além das duas vocalistas, a banda que subirá ao palco do Sesc Palladium vai contar com cinco instrumentistas. A bossa nova acompanha todo o trabalho do Nouvelle Vague. Collin a conheceu através das gravações de João Gilberto, Tom Jobim e Stan Getz. Mais tarde, passou a estudar também as letras. E tem uma relação próxima com o Brasil – foi um dos responsáveis pelo álbum 'Amor inventado' (2012), de Karina Zeviani.


No entanto, vale lembrar, a bossa é apenas uma ponta do iceberg. No balaio do Nouvelle Vague também há muito espaço para o country e reggae. “Mas sempre tocamos no estilo próprio do Nouvelle Vague. Conosco, você nunca vai ouvir a típica bossa ou o típico reggae.” Ainda que não se considera uma banda cover, o grupo francês sempre gravou versões, nunca material original. “A verdade é que faço coisas bem diferentes. Essa necessidade de compor supro em outros projetos. Faço trilhas para cinema, por exemplo”, diz Collin, que apesar de não fazer planos, sonha com o registro ao vivo, para DVD, do Nouvelle Vague.

 

Todos por um


O show do Nouvelle Vague chega a Belo Horizonte via financiamento coletivo. Durante 10 dias, por meio do site Queremos! em parceria com a Cria! Cultura, foram vendidos ingressos a R$ 60 para cobrir os custos do evento. Duzentos e cinquenta fãs da banda compraram, garantindo acesso às primeiras filas do teatro. Quando a campanha terminou, foram disponibilizados o restante dos ingressos, ainda à venda, pelo site Ingresso.com.

 

 

NOUVELLE VAGUE
Show nesta quarta-feira, às 21h

Local: Sesc Palladium,
Endereço: Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro

Ingressos: plateia 1, R$ 120 (inteira); plateia 2, R$ 100 e R$ 50 (meia-entrada); plateia 3, R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada)