
Dessa base bem digerida surge um samba comercial, passível de não fazer feio junto aos pagodeiros de FM, mas com pés bem fincados nas raízes que garantem a segurança que aproxima Nagô de artistas como, por exemplo, Diogo Nogueira, que filtra a genialidade do pai, João Nogueira, para dar ares contemporâneos e, digamos, mais simplificadores à sua música.
Márcio Nagô é dono de uma voz com personalidade. O canto contido diferencia seu trabalho dos colegas de geração e do nicho comercial. Ele pode funcionar tanto em rodas de fundo de quintal, com sambas como 'Nego de Angola', 'Zumbi nagô', 'Sincero e puro' e 'Menino traquina' (com Waldir Silva no cavaquinho), quanto rivalizar com grupos de pagode romântico, como em Está escrito e Pra quê.
Para ampliar o leque de dicções, ele se junta a Serginho Beagá ('De ponta a cabeça'), Mandruvá ('Sincero e puro' e 'Força da fé', este último com acréscimo de Black Pio na autoria) e Sanrah ('Samba nas veias'). E ainda interpreta Leila, de Fabinho do Terreiro, Ricardo Barrão e Geraldinho de Souza. Quem curte samba sem complicações vai gostar de ouvir e aprender a cantar o pagode desencanado de Márcio Nagô.