Mineiro de Brumadinho, o cantor e compositor Márcio Nagô apresenta seu segundo CD, 'A caminho do mar', cinco anos depois da estreia com 'Raiz do meu samba'. Influenciado por Almir Guineto, Martinho da Vila, Bezerra da Silva e Zeca Pagodinho, ele não esquece os bambas locais, como Serginho Beagá, Toninho Gerais e Fabinho do Terreiro.
Dessa base bem digerida surge um samba comercial, passível de não fazer feio junto aos pagodeiros de FM, mas com pés bem fincados nas raízes que garantem a segurança que aproxima Nagô de artistas como, por exemplo, Diogo Nogueira, que filtra a genialidade do pai, João Nogueira, para dar ares contemporâneos e, digamos, mais simplificadores à sua música.
Márcio Nagô é dono de uma voz com personalidade. O canto contido diferencia seu trabalho dos colegas de geração e do nicho comercial. Ele pode funcionar tanto em rodas de fundo de quintal, com sambas como 'Nego de Angola', 'Zumbi nagô', 'Sincero e puro' e 'Menino traquina' (com Waldir Silva no cavaquinho), quanto rivalizar com grupos de pagode romântico, como em Está escrito e Pra quê.
Para ampliar o leque de dicções, ele se junta a Serginho Beagá ('De ponta a cabeça'), Mandruvá ('Sincero e puro' e 'Força da fé', este último com acréscimo de Black Pio na autoria) e Sanrah ('Samba nas veias'). E ainda interpreta Leila, de Fabinho do Terreiro, Ricardo Barrão e Geraldinho de Souza. Quem curte samba sem complicações vai gostar de ouvir e aprender a cantar o pagode desencanado de Márcio Nagô.