“Muito mais diversão”. Esta é a promessa de Dinho Ouro Preto, vocalista da banda Capital Inicial, para o show de amanhã, no Chevrolet Hall. “Algo misterioso vem acontecendo com a gente: estamos fazendo shows cada vez mais longos, de quase três horas, e o pessoal adora”, conta ele. As apresentações se dividem em duas partes. Uma delas divulga as canções de 'Saturno', o novo disco. A outra reúne hits que todo mundo conhece e homenagens a outras bandas.
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Ficou de fora, por exemplo, a canção 'Eu ouço vozes', inspiradas nas alucinações de Dinho depois de cair do palco em 2009, durante um show em Patos de Minas. A versão está disponível apenas no YouTube.
Empatia
O cantor explica que o novo CD do Capital traz visceralidade e letras elaboradas, questões existenciais e políticas. De um lado, faixas como 'O lado escuro da lua' ou 'O bem, o mal e o indiferente'. De outro, 'Saquear Brasília' e 'Cristo Redentor' . “É agradável ver que as novas canções têm empatia com o público, mesmo com quem ainda não conhece bem o trabalho”, observa.
Dinho destaca que a banda tem história, além de obra consolidada: está completando 21 anos e 'Saturno' é seu 15º álbum. O grupo gravou um CD acústico, outro ao vivo e um tributo ao Aborto Elétrico – a banda que deu origem tanto ao Legião Urbana quanto ao Capital Inicial. Por outro lado, Dinho lançou disco solo.
O acidente em Minas Gerais, há quatro anos, foi um susto. O cantor revela que ainda sente dores. “Piso no palco com cuidado, pois não dá para esquecer seis meses na UTI. Mas não perdi a minha espontaneidade”, garante o líder do Capital Inicial.
CAPITAL INICIAL
Sábado, às 22h
Local: Chevrolet Hall
Endereço: Avenida Nossa Senhora do Carmo, 230, São Pedro
Informação: (31) 3209-8989
Ingressos: 2º lote – R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia); 3º lote – R$ 120 e R$ 60
Permitida a entrada de espectadores de 14 e 15 anos acompanhados de pais ou responsáveis legais. Permitida a entrada de espectadores de 16 anos desacompanhados
Três perguntas para...
Dinho Ouro Preto
cantor
Quem te ensinou a cantar?
Éramos punks. O mote punk é faça você mesmo. Aprendemos tudo, literalmente, na calçada. Queria ser o Renato Russo – o melhor cantor do rock brasileiro, na minha opinião. Só em 1983 comecei a estudar violão. A grande virtude de Brasília – talvez seja essa a explicação para tantas bandas saírem de lá – era o fato de a gente não se levar muito sério. Isso trazia legitimidade, sinceridade, verdade e despretensão, coisas importantes para o rock.
Como é tocar 21 anos na mesma banda?
É parecido com casamento, mas sem sexo. Tem que ceder, engolir sapo, saber dar passo atrás. Temos brigas homéricas, mas você vê o que é bom para todos. São amizades antigas: conheço o pessoal desde antes de tocar no Capital, temos muitas histórias juntos, relacionamento divertido. É 90% prazeroso e 10% de perrengue. Um dos segredos da longevidade é estar sempre com a cabeça no próximo disco, olhar para a frente
O que você achou dos protestos de junho?
Eles foram um divisor de águas e uma inflexão política, além de hostilidade aberta aos políticos. Disseram: chega de vocês todos, vocês não me representam. Gostaria que as pessoas, a partir de agora, vissem o exercício da cidadania e do protesto com naturalidade, como na França. Que o país se mobilize com frequência e o protesto não se evapore. Que manifestações por direitos passem a fazer parte do cotidiano de todos.