“A parte chata é estar de costas para o altar. Eu sou católico”, afirma, com bom humor, o violonista e compositor português Pedro Ayres Magalhães, fundador do Madredeus. Amanhã à noite, o grupo português se apresenta na Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto. Magalhães, que já esteve em Minas com seu grupo, ficou se perguntando quão fantástico deve ser a acústica na igreja.
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O concerto integra a programação do Festival Mimo, que teve início no último fim de semana em Paraty e prossegue de hoje a domingo na cidade histórica mineira, para uma série de apresentações, sessões de cinema e palestras. A turnê marca ainda uma nova estreia para o grupo mais conhecido de Portugal na atualidade. Ainda que o Madredeus já tenha se apresentado em Belo Horizonte em outras ocasiões, esta será a primeira vez que ele toca em Ouro Preto. E está com nova formação.
Nova voz
Pedro Ayres Magalhães é o único integrante da formação original, de 1985. No grupo também está um músico de outra época, o tecladista Carlos Maria Trindade, que chegou 10 anos mais tarde. Os outros integrantes – Jorge Varrecoso e António Figueiredo (violinos) e Luís Clode (violoncelo), todos com experiência na Orquestra Sinfônica da Ópera Nacional – são da formação mais recente, de 2011, já com a nova vocalista, Beatriz Nunes, substituta de Teresa Salgueiro, que saiu em 2006 para fazer carreira solo.
Encantamento foi o sentimento mais notado na plateia que assistiu à estreia do Madredeus, domingo, em Paraty. Aos 24 anos, a delicada e quase tímida Beatriz Nunes arrebatou o público que sempre ouviu 'O pastor' e 'Haja o que houver' na voz de Teresa. “Ela consegue não entrar em pânico”, brinca Carlos Maria, no que é completado por Magalhães: “Quando os músicos saíram, em 2006, ficamos somente nós dois. Tentamos fazer um sonho antigo, que era pegar nosso repertório e orquestrá-lo (quando foi criada a Banda Cósmica, ativa entre 2008 e 2010)”. Carlos Maria continua: “As cantoras que tivemos nesse período nunca saíram
O Madredeus tem 28 anos, quatro a mais do que Beatriz. “Foi a banda do namoro dos meus pais”, diz ela, que canta desde a infância. Fez conservatório, foi solista de óperas e estava com alguns projetos ligados ao jazz quando foi chamada para o grupo em 2011. Para apresentar Beatriz e os outros novos integrantes, durante um ano e meio o Madredeus rodou a Europa. “O que nos une é o repertório, que é muito forte. E no fim da história, ele é do Madredeus, que faz uma visita ao passado desde o primeiro disco”, justifica Carlos Maria.
“Há grupos que gravam discos mas nem pensam em tocar ao vivo”, continua Pedro Ayres Magalhães. “Fazemos o contrário. Fazemos discos como um convite para que nos vejam ao vivo.” Segundo ele, ao formar o Madredeus a ideia era ter uma voz feminina à frente, nenhuma percussão e que as letras girassem em torno da saudade, palavra que só existe em português. “O presente é um lugar em que tentamos ser leais ao nosso passado. É um momento de fantasia”, conclui.
» Hoje
• Duo Milewski & Fortuna (Brasil) – Casa da Ópera, às 18h
• Stephan Micus (Alemanha) – Basílica Nossa Senhora do Pilar, às 20h
• Guillaume Perret & The Electric Epic (França) – Praça Tiradentes, às 22h30
• Ibrahim Maalouf (Líbano/Brasil) – Praça Tiradentes, à 0h30
» Amanhã
• MANdolinMAN (Bélgica) – Casa da Ópera, às 18h
• Madredeus (Portugal) – Igreja de São Francisco, às 20h
• Dona Onete (PA) – Praça Tiradentes, às 22h30
» Sábado
• Música Figurata (MG) – Igreja Nossa Senhora do Rosário, às 18h
• Gilberto Gil & Orquestra de Sopros da Pro Arte – Praça Tiradentes, às 22h30
• Rum Tareq Al Nasser (Jordânia) – Praça Tiradentes, à 0h30
» Domingo
• Omar Sosa (Cuba) – Casa da Ópera, às 18h
• Stefano Bollani & Hamilton de Holanda (Itália / Brasil) – Igreja de Nossa Senhora do Carmo, às 20h
Além dos concertos, há também exibição de documentários musicais e palestras, sempre com entrada franca. Veja a programação completa no portal do evento.