A cultura hip-hop soma grafite, dança, música e poesia. Um personagem ilustre e respeitado nessa cena é o MC, o mestre de cerimônias. São performers especializados em animar eventos com o microfone na mão, mas que também chamam a rapaziada à responsabilidade, apontando a necessidade de reflexão sobre a vida e a realidade social, por meio de versos improvisados.
Neste domingo, 25, a partir das 14h, embaixo do Viaduto Santa Tereza, em frente à Serraria Souza Pinho, será realizada a final do concurso que vai indicar quem é o melhor MC brasileiro. A escolha vai ser feita a partir de duelos, em dois rounds de 45 segundos, de ataque e defesa, com oponentes escolhidos por sorteio.
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Não há empate no duelo de MCs. A decisão é dada por voto de jurado especializado e pelo voto do público. Se o candidato ganhar os dois votos, é o vencedor e, se houver empate, há um terceiro round e nova votação. Caso permaneça o empate, o voto de um segundo jurado especializado dá a decisão.
O coletivo Família de Rua foi criado em 2007 por amigos que curtem as manifestações artísticas urbanas e tem sete integrantes – os DJs Roger Dee e Junin Bum Bep; os MCs PDR Valentim, Thiago Monge e Ozléo; a jornalista Ludmila Ribeiro e o produtor cultural Rafael Lacerda. A criação de uma edição nacional do duelo, como explica Pedro Valentim, veio da vontade de “diminuir distâncias e aproximar pessoas”, de diversas partes do Brasil, que curtem as mesmas manifestações culturais.
Entre março e agosto andaram por oito capitais realizando eliminatórias que, estima, reuniram cerca de 100 MCs, cujos vencedores agora estão em Belo Horizonte. Contribuíram para a boa recepção em todo o Brasil os vídeos de duelos que o grupo mineiro publicou no YouTube.
Análise da notícia
Hora de mandar bem
João Paulo
Uma das manifestações mais ricas da cultura urbana de Belo Horizonte, o duelo de MCs ganhou as ruas em 2007 e, em 2012, passou a ter edição nacional. Em junho deste ano, interrompeu suas apresentações na região do Viaduto Santa Tereza. Foi momento de repensar o evento, em decorrência de questões ligadas à segurança, acesso do público e entraves na utilização do espaço urbano. O duelo deu vida à região, bastante degradada, e convoca agora a sociedade a participar de seus novos rumos. O hip-hop, com sua crítica e criatividade, sempre cobrou a incorporação do espaço público na vida das pessoas, o direito à liberdade e a participação popular nas decisões que dizem respeito ao cidadão. O problema, hoje, não é da PBH, da PM ou do público. É de todos. A arte da vez é a política. Se der certo, vai ser um duelo em que todos ganham.
Três perguntas para...
Pedro Valentim
do Coletivo Família de Rua
Qual o poder da poesia?
Ajuda a gente a conseguir enxergar as coisas por diferentes olhares. Todas as artes têm o poder de ampliar a mente, dar mensagens, propagar ideias. A rima improvisada é a sala do MC. Ele é alguém que empunha o microfone e chama para si a responsabilidade.
Como você vê a arte na rua?
Rua é o lugar do encontro, onde nasce a arte. Leva reflexão, diversão, conhecimento. Arte é ferramenta. E com essas ferramentas um universo gigantesco de coisas pode ser discutido, comunicado, aprendido e ensinado.
Que balanço você faz dos seis anos do Família de Rua?
Felicidade é estar ocupando o espaço público, com encontro da cultura hip-hop, e isso estar chegando às pessoas de forma verdadeira. Criamos discussões, quebramos preconceitos, colocamos questões importantes para a juventude. O problema é constatar o quanto é difícil produzir cultura numa cidade com sistema de gestão extremamente burocrático, com instituições e profissionais nada sensíveis à atividade.
Duelo de MCS – Nacional 2013
Domingo, 25 de agosto, a partir das 14h, embaixo do Viaduto Santa Tereza, Centro, Belo Horizonte. Participantes: Big (Salvador), Douglas Din (Belo Horizonte), Jack da Rua (Vitória), Koell (São Paulo), Marinho (Brasília), Naan (Rio de Janeiro), Rog (Belém), Tái (Recife). Entrada franca.