Além do mais, não haveria tanto tempo disponível para tal. Com o Franz, fundado há pouco mais de 10 anos, ele mantém intensa agenda de shows. Tanto que o grupo não parou de tocar durante a gravação de seu quarto álbum, Right thoughts, right words, right action, cujo lançamento mundial ocorrerá amanhã. Esse trabalho vem substituir Tonight (2009), disco com pegada mais eletrônica.
Para os padrões atuais, quatro anos é um hiato e tanto, não? “Bem, a gente não levou quatro anos para fazê-lo. Foi um ano e meio, durante os espaços que tínhamos na agenda”, assume Paul Thomson. A gravação das 10 faixas ocorreu em estúdios na Escócia e na Inglaterra, pertencentes ao vocalista Alex Kapranos e ao guitarrista Nick McCarthy, respectivamente.
Shows
Uma das bandas de dance rock que despontaram no início da década passada, o Franz realmente se estabeleceu num cenário cada vez mais perecível. Right thoughts... traz um frescor dos primeiros anos, mesmo que não signifique inovação. Entre as gravações, o quarteto de Glasgow (completado pelo baixista Bob Hardy) não se furtou a mostrar o material inédito em pequenos shows. A faixa-título, primeiro single, vem reafirmar a intenção de olhar para o passado recente, o álbum Franz Ferdinand (2004), que virou arrasa-quarteirão indie graças à guitarra deliciosamente dançante e a letras descompromissadas e bem sacadas.
A preferida de Thomson é Stand on the horizon, com ênfase nos teclados. “Foi bem divertido gravá-la. Além disso, nós três (Kapranos, McCarthy e ele) estamos cantando. Acho que é a faixa que traduz melhor o clima no estúdio, ótimo por sinal.” Goodbye lovers & friends, que fecha o álbum, tem letra um tanto irônica: “Não toque pop music/ Você sabe que odeio pop music”, canta Kapranos. “É como Bret Easton Ellis, em Psicopata americano (livro icônico dos anos 1980), escrevendo em primeira pessoa ‘fiz isso, fiz aquilo e blá-blá-blá’. O cara não está realmente lá! No nosso caso, é a mesma coisa, só que com música pop”, afirma.
Com o primeiro álbum prestes a completar 10 anos, Thomson sabe a dimensão do Franz Ferdinand – seis milhões de cópias vendidas ao redor do mundo. “Com a gravação desse disco, procuramos manter o frescor do começo. Somos as mesmas pessoas, só fingimos que não somos famosos. Fama, aliás, é uma coisa que nunca nos deixou confortáveis”, conclui.
Arroz de festa, ainda bem
Se há uma banda que gosta do Brasil é o Franz Ferdinand. Desde a estreia brasuca, em 2006, foram seis passagens pelo país. Eles estrearam por aqui abrindo para o U2, na turnê Vertigo. Som baixo, espaço espremido, o Franz não fez em São Paulo o barulho esperado e merecido.
Mas o público carioca pôde se esbaldar, pois a banda, então nem tão conhecida assim, foi ao Circo Voador mostrar seu próprio show. “É um dos meus favoritos. Não poderíamos esperar nada do que ocorreu. No palco, mal podíamos nos ouvir, pois a plateia cantava muito alto”, relembra Thomson.Além do Sepultura, o baterista cita Mutantes, Tom Zé e Bonde de Rolê como os nomes brasileiros que mais conhece. E não pretende levar muito tempo para desembarcar no país. “O Brasil está sempre nos chamando de volta”, diz. Que venha 2014, então.