Ele tocou nos festivais de Monterey (1967), Woodstock e Altamont (ambos em 1969). E sobreviveu a todos. Do alto de seus 72 anos, o vocalista e guitarrista Paul Kantner comanda o Jefferson Starship, nova (e enésima) versão do Jefferson Airplane, grupo seminal do rock psicodélico que ele cofundou em São Francisco, em 1965. Em sua primeira turnê brasileira, chega a Belo Horizonte para show domingo, no Palácio das Artes. A seu lado, Kantner vai tocar com David Freiberg (vocal, guitarra e teclado), seu companheiro há quatro décadas e meia; Mark Slick Aguilar (guitarra); Donny Baldwin (bateria); Chris Smith (teclado) e Cathy Richardson (voz). Ele é o único remanescente do Airplane original.
Bem-humorado, durante entrevista ao Estado de Minas, realizada no início da semana, ele se disse impressionado com a receptividade que tinha tido até então no país. “Fiquei surpreso porque os jovens sabem todas as nossas músicas, têm cantado conosco o show inteiro.” Grupo essencial para entender o Verão do Amor e todos os desdobramentos para o que ocorreu em São Francisco em 1967, o Jefferson Airplane tem alguns hits que fazem parte da história do rock, como Somebody to love e White rabbit. Como Starship, é conhecido por músicas como Sara e Nothing’s gonna stop us now, ambas dos anos 1980.
A história diz o seguinte: o Jefferson Airplane existiu como tal até o início da década de 1970. No período de transição, com várias mudanças de formação, surgiu o Jefferson Starship. Já em meados dos anos 1980, o nome passou a ser apenas Starship. Mais recentemente, Kantner voltou a assinar Jefferson Starship. Independentemente de épocas e formações, a música é basicamente a mesma: forte referência folk, uma pegada de ficção científica e um certo caos, que faz parte do espírito do bom e velho rock and roll.
Duas perguntas para...
Paul Kantner, músico
O que Monterey, Woodstock e Altamont significaram para você?
A sua própria maneira, cada um deles significou o começo de alguma coisa. Monterey foi uma extensão do que vínhamos fazendo nos parques. Eram milhares de pessoas que estavam ali sem saber muito bem o que esperar. Foi um momento de aventura, mas também de celebração e construção. Woodstock foi a grande surpresa. Como poderíamos esperar que tanta gente apareceria no meio da lama e da chuva? E que ficariam por ali durante três, quatro dias? Cheguei antes do início, então, tive a experiência completa, como ver a horda de pessoas sem ingressos arrancando as cercas do lugar. Já Altamont foi um dos maiores desastres que já presenciei. Talvez tenha sido um sinal do fim daquele período. Depois do festival, tudo passou a ser reunir milhares de pessoas em campos de futebol, coisa que sempre detestei. Fui assistir a algumas das minhas bandas favoritas em alguns desses eventos. Era horrível. Depois de tocar em alguns estádios, resolvi parar. O pessoal daquilo não tinha nada a me oferecer além de muito dinheiro. O que era inegavelmente tentador, mas os resultados sempre se mostraram negativos.
Hoje, então, o cenário é bem diferente daquela época, não?
Tenho dois tipos de show: uma formação acústica, com somente quatro pessoas, e um show de rock and roll completo. E me dou ao luxo de poder tocar em eventos diferentes. O mais importante é encontrar a harmonia como vocalista, como a banda de Pete Seeger. O que aprendi de música foi com os Weavers (banda nova-iorquina de folk que fez história entre as décadas de 1950 e 1960). Para ser honesto, três dos seis discos que estão no meu carro são dos Weavers. Há também a trilha sonora do filme Blade Runner. É o tipo de música que me inspira. Sobre o show, posso dizer que é energia, aventura, exploração das fronteiras da música. Nunca tocamos uma canção da mesma forma. Só sabemos o que vamos tocar em uma noite depois que pisamos no palco. Isso vem um pouco do caos do rock and roll que sempre me interessou.
JEFFERSON STARSHIP
Show domingo, às 19h. Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Ingressos: Plateia 1 – R$ 160 e R$ 80 (meia); plateia 2 – R$ 140 e R$ 70 (meia); plateia superior – R$ 120 e R$ 60 (meia).
Bem-humorado, durante entrevista ao Estado de Minas, realizada no início da semana, ele se disse impressionado com a receptividade que tinha tido até então no país. “Fiquei surpreso porque os jovens sabem todas as nossas músicas, têm cantado conosco o show inteiro.” Grupo essencial para entender o Verão do Amor e todos os desdobramentos para o que ocorreu em São Francisco em 1967, o Jefferson Airplane tem alguns hits que fazem parte da história do rock, como Somebody to love e White rabbit. Como Starship, é conhecido por músicas como Sara e Nothing’s gonna stop us now, ambas dos anos 1980.
A história diz o seguinte: o Jefferson Airplane existiu como tal até o início da década de 1970. No período de transição, com várias mudanças de formação, surgiu o Jefferson Starship. Já em meados dos anos 1980, o nome passou a ser apenas Starship. Mais recentemente, Kantner voltou a assinar Jefferson Starship. Independentemente de épocas e formações, a música é basicamente a mesma: forte referência folk, uma pegada de ficção científica e um certo caos, que faz parte do espírito do bom e velho rock and roll.
Duas perguntas para...
Paul Kantner, músico
O que Monterey, Woodstock e Altamont significaram para você?
A sua própria maneira, cada um deles significou o começo de alguma coisa. Monterey foi uma extensão do que vínhamos fazendo nos parques. Eram milhares de pessoas que estavam ali sem saber muito bem o que esperar. Foi um momento de aventura, mas também de celebração e construção. Woodstock foi a grande surpresa. Como poderíamos esperar que tanta gente apareceria no meio da lama e da chuva? E que ficariam por ali durante três, quatro dias? Cheguei antes do início, então, tive a experiência completa, como ver a horda de pessoas sem ingressos arrancando as cercas do lugar. Já Altamont foi um dos maiores desastres que já presenciei. Talvez tenha sido um sinal do fim daquele período. Depois do festival, tudo passou a ser reunir milhares de pessoas em campos de futebol, coisa que sempre detestei. Fui assistir a algumas das minhas bandas favoritas em alguns desses eventos. Era horrível. Depois de tocar em alguns estádios, resolvi parar. O pessoal daquilo não tinha nada a me oferecer além de muito dinheiro. O que era inegavelmente tentador, mas os resultados sempre se mostraram negativos.
Hoje, então, o cenário é bem diferente daquela época, não?
Tenho dois tipos de show: uma formação acústica, com somente quatro pessoas, e um show de rock and roll completo. E me dou ao luxo de poder tocar em eventos diferentes. O mais importante é encontrar a harmonia como vocalista, como a banda de Pete Seeger. O que aprendi de música foi com os Weavers (banda nova-iorquina de folk que fez história entre as décadas de 1950 e 1960). Para ser honesto, três dos seis discos que estão no meu carro são dos Weavers. Há também a trilha sonora do filme Blade Runner. É o tipo de música que me inspira. Sobre o show, posso dizer que é energia, aventura, exploração das fronteiras da música. Nunca tocamos uma canção da mesma forma. Só sabemos o que vamos tocar em uma noite depois que pisamos no palco. Isso vem um pouco do caos do rock and roll que sempre me interessou.
JEFFERSON STARSHIP
Show domingo, às 19h. Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Ingressos: Plateia 1 – R$ 160 e R$ 80 (meia); plateia 2 – R$ 140 e R$ 70 (meia); plateia superior – R$ 120 e R$ 60 (meia).