Musica

Irene Bertachini investe em formato autoral para CD de estreia e reforça nova geração da música belo-horizontina

Cantora e compositora se destaca no cenário contemporâneo da capital graças a novas sonoridades

Ailton Magioli

Artista já passou por formações de grupos importantes de Belo Horizonte
Artista já passou por formações de grupos importantes de Belo Horizonte
Aos 26 anos, ela personifica a nova geração de artistas mineiros, com intensa participação na cena musical. Atração do Savassi Festival, Irene Bertachini faz show na noite desta sexta-feira, 19, na Sala Sérgio Magnani da Fundação de Educação Artística, e aproveita para exibir a porção autoral presente em 'Irene preta, Irene boa', seu recém-lançado disco de estreia.


Acompanhada de banda formada por Edson Fernando (bateria, marimba e percussão), Rodrigo Lana (piano), Natália Mitre (marimba, percussão e vibrafone), Leandro César (violão) e Tiago Buiu (contrabaixo acústico e elétrico), Irene apresenta a mistura que faz de sua música algo para lá de atraente. Tal sonoridade é atribuída, principalmente, à presença dos parceiros Leandro César (discípulo do mago Marco Antônio Guimarães, do Uakti, na construção de instrumentos) e Felipe José (arranjos). A artista diz que os dois levam sua criação a lugares inimagináveis para ela.

 

Ouça a faixa 'Para seu amor, Rosa':

 


O “ar musical”, que Irene gosta de chamar de peculiar, faz dela artista diferente no inflacionado mercado de cantoras, ainda que o timbre (agudo) não contribua para, a essa altura, trazer diferencial. Assumidamente influenciada por Titane, que, por sua vez, bebeu na célebre Vanguarda Paulistana, provavelmente Irene tenha encontrado guarita para seu canto na formação familiar. O pai paulista e a mãe espanhola, violonista, “aplicaram” a filha em Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre outros autores.

ANA
Do canto coral a participações nos grupos Rosa dos Ventos (de Titane) e Urucum na Cara, Irene Bertachini herdou a formação que passa por teatro, dança e canto até chegar à composição. Para se ter uma ideia da importância do trabalho da menina na cena mineira, vale lembrar: partiu dela a ideia de criar a Mostra Nua de Autoras (ANA), realizada pelo coletivo homônimo que a compositora integra ao lado de jovens colegas como Deth Mussolini, Michelle Andreazzi, Luiza Brina e Leopoldina.

“Por longos anos, o universo da criação musical foi exclusividade dos homens, o que acabou nos levando para a interpretação”, diz Irene, citando a pioneira Chiquinha Gonzaga (1847 – 1935), Dolores Duran (1930 –1959) e, mais recentemente, Sueli Costa e Fátima Guedes, ambas em plena atividade.

“Sente perto a imensidão/ Há uma vida inteira pra se procurar/ Um mundo inteiro e a sorte pra encontrar/ Noutro lugar deve estar”, canta Irene em Aos pés do mar, uma das faixas de sua autoria com versos inspirados de Leandro César. Essa canção tem divulgado o disco de estreia da moça no rádio. Vale a pena prestar atenção em Irene (“preta, boa”) Bertachini.

IRENE BERTACHINI E BANDA

Sexta-feira, 19 de julho, às 20h. Sala Sérgio Magnani da Fundação de Educação Artística, Rua Gonçalves Dias, 320, Funcionários. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada). Informações: (31) 3245-1744.

 

Assista o vídeo da faixa 'Licença':