Os amigos paulistas, entre os quais Chico Saraiva, costumam dizer que Susana Travassos é a portuguesa mais mineira que conhecem. Atração do projeto Domingo no museu, do Museu de Arte da Pampulha (MAP), a cantora e o violonista e compositor lançam o disco 'Tejo-Tietê'. O batismo com os nomes dos rios português e brasileiro, respectivamente, une (apropriada e oportunamente) a música dos dois países.
Para Chico Saraiva, ter uma cantora portuguesa entre nos diz tudo: “Remonta à história brasileira sem dizer nada, sem precisar explicar”, afirma ele, salientando que a relação de forte ascendência entre a modinha e a seresta é muito portuguesa.
“Susana não faz nada sem se apropriar de seu objetivo, desde o primeiro disco”, avalia o artista paulista, lembrando da relação que ela mantém com a MPB, desde o lançamento de 'Oi Elis', de 2008. Além das várias canções que ele assina no disco, com poetas brasileiros e portugueses (Luiz Tatit, Clovis Beznos, Brisa Marques e Tiago Torres da Silva), com Susana Travassos Chico Saraiva compôs 'Lua do avesso'. As releituras presentes no repertório do disco-show passam por Villa-Lobos, Elomar e Carlos Paredes.
SUSANA TRAVASSOS & CHICO SARAIVA
Domingo, às 11h. Museu de Arte da Pampulha, Av. Otacílio Negrão de Lima, 16.585, Pampulha. Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia), à venda no local e na Acústica CDs, Rua Fernandes Tourinho, 300, Savassi. Informações: (31) 3277-7996.
Três perguntas para...
SUSANA TRAVASSOS , CANTORA
A crise na Europa tem contribuído para aproximar Portugal e Brasil em que sentido, além da cultura?
Quando um cidadão se vê obrigado a abandonar o próprio país por inviabilidade econômica, é natural que procure um país familiar, que fale a mesma língua e o faça sentir-se em casa. Acho que esse é um sentimento mútuo e recíproco entre brasileiros e portugueses e tem sido, sem dúvida, a opção de muitos portugueses neste momento de crise. Culturalmente, sinto que também houve uma aproximação. Ao longo dos últimos anos, sempre achei que os brasileiros deveriam conhecer mais e melhor a cultura portuguesa, principalmente a música. E, felizmente, isso vem ocorrendo.
O que tanto um quanto outro país podem tirar de proveito disso?
Sinto que os dois países se complementam e podem crescer muito na união. Não sei dizer em que medida, talvez empresarial, cultural, social... Acredito que é uma parceria poderosa.
Até que ponto a sua música se encaixa no movimento do novo fado português?
Talvez na predisposição à miscigenação. O novo fado abriu-se de alguma maneira para incorporar novos estilos, instrumentos, culturas. Acho que ele pode ser visto como forma de sentir e de estar lusitanas. E não é ameaçado pela diferença. Afinal, ser português é não ter receio de se misturar. Foi sempre assim que encarei minha relação musical com o Brasil e, de alguma forma, encontrei um caminho nesse lugar intermediário que é a junção entre Brasil e Portugal. Acho que, pelo menos até aqui, a minha música tem sido isso.
“Não sei explicar a razão, é algo que vai para além das palavras. Mora na poesia do lugar, nas pessoas. Tenho muitos e bons amigos, em Minas”, diz Susana, cuja relação com o estado começou em 2009, na Womex (Feira Internacional de World Music), da Espanha, onde ela conheceu Gilberto Mauro, Vitor Santana e Makely Ka. Mais tarde foram Flávio Henrique e Marcos Frederico, entre outros.
Para Chico Saraiva, ter uma cantora portuguesa entre nos diz tudo: “Remonta à história brasileira sem dizer nada, sem precisar explicar”, afirma ele, salientando que a relação de forte ascendência entre a modinha e a seresta é muito portuguesa.
“Susana não faz nada sem se apropriar de seu objetivo, desde o primeiro disco”, avalia o artista paulista, lembrando da relação que ela mantém com a MPB, desde o lançamento de 'Oi Elis', de 2008. Além das várias canções que ele assina no disco, com poetas brasileiros e portugueses (Luiz Tatit, Clovis Beznos, Brisa Marques e Tiago Torres da Silva), com Susana Travassos Chico Saraiva compôs 'Lua do avesso'. As releituras presentes no repertório do disco-show passam por Villa-Lobos, Elomar e Carlos Paredes.
SUSANA TRAVASSOS & CHICO SARAIVA
Domingo, às 11h. Museu de Arte da Pampulha, Av. Otacílio Negrão de Lima, 16.585, Pampulha. Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia), à venda no local e na Acústica CDs, Rua Fernandes Tourinho, 300, Savassi. Informações: (31) 3277-7996.
Três perguntas para...
SUSANA TRAVASSOS , CANTORA
A crise na Europa tem contribuído para aproximar Portugal e Brasil em que sentido, além da cultura?
Quando um cidadão se vê obrigado a abandonar o próprio país por inviabilidade econômica, é natural que procure um país familiar, que fale a mesma língua e o faça sentir-se em casa. Acho que esse é um sentimento mútuo e recíproco entre brasileiros e portugueses e tem sido, sem dúvida, a opção de muitos portugueses neste momento de crise. Culturalmente, sinto que também houve uma aproximação. Ao longo dos últimos anos, sempre achei que os brasileiros deveriam conhecer mais e melhor a cultura portuguesa, principalmente a música. E, felizmente, isso vem ocorrendo.
O que tanto um quanto outro país podem tirar de proveito disso?
Sinto que os dois países se complementam e podem crescer muito na união. Não sei dizer em que medida, talvez empresarial, cultural, social... Acredito que é uma parceria poderosa.
Até que ponto a sua música se encaixa no movimento do novo fado português?
Talvez na predisposição à miscigenação. O novo fado abriu-se de alguma maneira para incorporar novos estilos, instrumentos, culturas. Acho que ele pode ser visto como forma de sentir e de estar lusitanas. E não é ameaçado pela diferença. Afinal, ser português é não ter receio de se misturar. Foi sempre assim que encarei minha relação musical com o Brasil e, de alguma forma, encontrei um caminho nesse lugar intermediário que é a junção entre Brasil e Portugal. Acho que, pelo menos até aqui, a minha música tem sido isso.