Recife – Quando dois adolescentes de Belo Horizonte traduziram uma canção do Motörhead chamada 'Dancing on your grave' e, inocentemente, rabiscaram no caderno uma palavra extraída daquela letra, jamais poderiam imaginar a dimensão do futuro que os aguardava. Em dezembro de 1984, o Sepultura não passava de um conceito – ideia e sonho dos irmãos Max e Igor Cavalera. Três décadas depois, aqueles garotos do Bairro Santa Tereza ganhariam o mundo.
Em 2014, o grupo completará 30 anos. Atualmente, os músicos estão nos Estados Unidos. Eles trabalham com o produtor Ross Robinson (que produziu Roots) preparando seu 13º álbum de estúdio, que será lançado em outubro pela gravadora Nuclear Blast.
O blog DP no estúdio com o Sepultura (blogs.diariodepernambuco.com.br/ estudiosepultura) acompanha as gravações. Desde o dia 1º, a banda se encontra no distrito de Venice, em Los Angeles, na Califórnia. Mais precisamente na casa de Ross Robinson, onde o produtor mantém seu estúdio.
É grande a expectativa em torno do primeiro disco com a participação do jovem prodígio Eloy Casagrande – ele tinha menos de dois meses em 1991, quando o clássico 'Arise' foi lançado – e também pela retomada da parceria com o produtor de 'Roots' (1996), considerado um dos discos mais revolucionários do metal.
O guitarrista Andreas Kisser mantém os fãs atualizados por meio de seus diários de estúdio, revelando o passo a passo das gravações, detalhes dos bastidores e novidades. Além de textos, o músico posta vídeos para que o público possa se sentir mais próximo daqueles microfones. O vocalista Derrick Green envia fotos tanto dos músicos e produtores trabalhando quanto de momentos de descontração. O clima familiar marca a casa/estúdio de Ross Robinson.
Kisser informou que o novo álbum terá 10 faixas, além de dois covers: 'Da lama ao caos', de Chico Science & Nação Zumbi, e 'Zombie ritual', do Death. “Originalmente, tínhamos 13 canções para gravar, além desses dois covers. Depois de analisar faixa a faixa com o Ross, decidimos cortar três. Elas não estavam prontas o suficiente para fazer parte do CD. Sequer gravamos as baterias”, explicou.
Enquanto as faixas não ganham seu batismo oficial, a banda recorre a apelidos para se lembrar delas no momento de gravação. “O estilo pode ajudar: 'Puxada', por exemplo, lembra riffs que estou tocando na guitarra. 'Porrada' é a mais rápida do álbum. Outros apelidos: 'Strangiatto', 'Xisto riff', 'Fu riff', 'Levada Eloy', 'Balada' e 'Tsunami'.” As três excluídas também ganharam nomes provisórios: 'Xisto riff', 'Fu fiff' e 'Arrastada', escreveu ele no blog.
Com gravações de bateria concluídas e quatro faixas de guitarra registradas – algumas com solos –, o álbum começa a ganhar identidade. Andreas Kisser revelou o nome de uma delas: 'The age of the atheist', apelidada anteriormente de 'Strangiatto' – a segunda faixa cujo título se tornou público. A primeira, 'The Vatican', já era conhecida antes da viagem da banda para os Estados Unidos.
Tem ídolo nas baquetas
Considerado ícone do heavy metal, Dave Lombardo, um dos maiores bateristas de thrash, deixou recentemente o Slayer. Ele participará do novo álbum do Sepultura.
O convite surgiu do mero acaso. Dave passeava com os filhos e o cachorro pela Praia de Venice, bem perto do estúdio de Ross Robinson. Mandou um torpedo para o produtor, que o convidou para uma jam com os brasileiros. “Ele disse que sim! Ficamos extremamente animados. Não podíamos acreditar que um de nossos ídolos estava prestes a fazer parte de nosso álbum!”, registrou Andreas Kisser em seu diário.
Ross Robinson e o engenheiro Mike Balboa montaram dois sets de baterias na sala – um de frente para o outro, sem chimbais e apenas com bateria tribal. Eloy Casagrande e Dave Lombardo tocaram juntos. “Momento mágico”, comentou Andreas.
DUAS FAIXAS
Por Andreas Kisser
The Vatican
Trata-se de homenagem irônica ao recente conclave que elegeu o argentino Francisco como sucessor do papa Bento XVI. “Esta faixa é uma daquelas com pegada mais death metal. A letra já está pronta. Conta a história de como o Vaticano foi criado, cheia de sangue, orgia, assassinatos, corrupção, adultério. É a letra mais malvada e perversa que já escrevi em todos os tempos.”
The age of the atheist
“Fui inspirado pelos momentos duros em que vivemos, o quão difícil é acreditar nas coisas. Tantas teorias da conspiração sobre informações oficiais fazem com que sua cabeça fique perdida com tanta confusão. Todas as religiões estão afastando as pessoas umas das outras. Criam desentendimentos em vez de unir e a perda de crença que temos em nós mesmos. Temos que acreditar em nossa força como seres humanos e cidadãos. Temos o poder de mudar tudo e estamos perdendo essa crença. Essa música tem a intenção de ser uma chamada para acordarmos, para criarmos um lugar melhor para viver. Para, ao menos, salvarmos o planeta.”
MUDOU TUDO
O Sepultura chega a seu 30º ano com a seguinte formação: Andreas Kisser (guitarra), Derrick Green (vocal), Paulo Jr. (baixo) e Eloy Casagrande (bateria). A banda original reunia Max Cavalera (guitarra), Igor Cavalera (bateria), Wagner Lamounier (guitarra) e Paulo Jr. Posteriormente, os irmãos deixaram o grupo. Também passaram por lá Jairo Guedez (guitarra) e Jean Dolabella (bateria).
Em 2014, o grupo completará 30 anos. Atualmente, os músicos estão nos Estados Unidos. Eles trabalham com o produtor Ross Robinson (que produziu Roots) preparando seu 13º álbum de estúdio, que será lançado em outubro pela gravadora Nuclear Blast.
O blog DP no estúdio com o Sepultura (blogs.diariodepernambuco.com.br/ estudiosepultura) acompanha as gravações. Desde o dia 1º, a banda se encontra no distrito de Venice, em Los Angeles, na Califórnia. Mais precisamente na casa de Ross Robinson, onde o produtor mantém seu estúdio.
É grande a expectativa em torno do primeiro disco com a participação do jovem prodígio Eloy Casagrande – ele tinha menos de dois meses em 1991, quando o clássico 'Arise' foi lançado – e também pela retomada da parceria com o produtor de 'Roots' (1996), considerado um dos discos mais revolucionários do metal.
O guitarrista Andreas Kisser mantém os fãs atualizados por meio de seus diários de estúdio, revelando o passo a passo das gravações, detalhes dos bastidores e novidades. Além de textos, o músico posta vídeos para que o público possa se sentir mais próximo daqueles microfones. O vocalista Derrick Green envia fotos tanto dos músicos e produtores trabalhando quanto de momentos de descontração. O clima familiar marca a casa/estúdio de Ross Robinson.
Kisser informou que o novo álbum terá 10 faixas, além de dois covers: 'Da lama ao caos', de Chico Science & Nação Zumbi, e 'Zombie ritual', do Death. “Originalmente, tínhamos 13 canções para gravar, além desses dois covers. Depois de analisar faixa a faixa com o Ross, decidimos cortar três. Elas não estavam prontas o suficiente para fazer parte do CD. Sequer gravamos as baterias”, explicou.
Enquanto as faixas não ganham seu batismo oficial, a banda recorre a apelidos para se lembrar delas no momento de gravação. “O estilo pode ajudar: 'Puxada', por exemplo, lembra riffs que estou tocando na guitarra. 'Porrada' é a mais rápida do álbum. Outros apelidos: 'Strangiatto', 'Xisto riff', 'Fu riff', 'Levada Eloy', 'Balada' e 'Tsunami'.” As três excluídas também ganharam nomes provisórios: 'Xisto riff', 'Fu fiff' e 'Arrastada', escreveu ele no blog.
Com gravações de bateria concluídas e quatro faixas de guitarra registradas – algumas com solos –, o álbum começa a ganhar identidade. Andreas Kisser revelou o nome de uma delas: 'The age of the atheist', apelidada anteriormente de 'Strangiatto' – a segunda faixa cujo título se tornou público. A primeira, 'The Vatican', já era conhecida antes da viagem da banda para os Estados Unidos.
Tem ídolo nas baquetas
Considerado ícone do heavy metal, Dave Lombardo, um dos maiores bateristas de thrash, deixou recentemente o Slayer. Ele participará do novo álbum do Sepultura.
O convite surgiu do mero acaso. Dave passeava com os filhos e o cachorro pela Praia de Venice, bem perto do estúdio de Ross Robinson. Mandou um torpedo para o produtor, que o convidou para uma jam com os brasileiros. “Ele disse que sim! Ficamos extremamente animados. Não podíamos acreditar que um de nossos ídolos estava prestes a fazer parte de nosso álbum!”, registrou Andreas Kisser em seu diário.
Ross Robinson e o engenheiro Mike Balboa montaram dois sets de baterias na sala – um de frente para o outro, sem chimbais e apenas com bateria tribal. Eloy Casagrande e Dave Lombardo tocaram juntos. “Momento mágico”, comentou Andreas.
DUAS FAIXAS
Por Andreas Kisser
The Vatican
Trata-se de homenagem irônica ao recente conclave que elegeu o argentino Francisco como sucessor do papa Bento XVI. “Esta faixa é uma daquelas com pegada mais death metal. A letra já está pronta. Conta a história de como o Vaticano foi criado, cheia de sangue, orgia, assassinatos, corrupção, adultério. É a letra mais malvada e perversa que já escrevi em todos os tempos.”
The age of the atheist
“Fui inspirado pelos momentos duros em que vivemos, o quão difícil é acreditar nas coisas. Tantas teorias da conspiração sobre informações oficiais fazem com que sua cabeça fique perdida com tanta confusão. Todas as religiões estão afastando as pessoas umas das outras. Criam desentendimentos em vez de unir e a perda de crença que temos em nós mesmos. Temos que acreditar em nossa força como seres humanos e cidadãos. Temos o poder de mudar tudo e estamos perdendo essa crença. Essa música tem a intenção de ser uma chamada para acordarmos, para criarmos um lugar melhor para viver. Para, ao menos, salvarmos o planeta.”
MUDOU TUDO
O Sepultura chega a seu 30º ano com a seguinte formação: Andreas Kisser (guitarra), Derrick Green (vocal), Paulo Jr. (baixo) e Eloy Casagrande (bateria). A banda original reunia Max Cavalera (guitarra), Igor Cavalera (bateria), Wagner Lamounier (guitarra) e Paulo Jr. Posteriormente, os irmãos deixaram o grupo. Também passaram por lá Jairo Guedez (guitarra) e Jean Dolabella (bateria).