
Além de entraves na negociação com a prefeitura, a decisão tem como objetivo, segundo a nota, “olhar para trás e pensar” no movimento, que, ainda segundo comunicado, passa por um “distanciamento, ou perda, do seu propósito”.
Surgido espontaneamente em 2007, com intuito de levar a cultura hip hop aos espaços públicos de Belo Horizonte, o Duelo de MCs cresceu de forma surpreendente, tanto na produção artística do segmento, quanto na cena cultural da cidade. Referência nacional, o movimento conquistou público cativo dando novo significado a parte inferior do viaduto.
Entretanto, a burocracia para viabilizar de forma consistente uma ocupação urbana junto ao poder público, traz inúmeras dificuldades no momento da organização. Esse é um dos motivos centrais para a pausa. "Vamos completar 6 anos agora em agosto e, até agora, não há coisas básicas estabelecidas com o poder público como segurança, limpeza, licenciamento..." revela Pedro Valentim, responsável pela comunicação da Família de Rua. "O diálogo deles com nossa proposta sempre foi muito difícil", completa.
Além daquilo que é produzido artisticamente em música, dança e artes visuais, há também, em igual importância, a preocupação de promover o Duelo de MCs como encontro entre diferentes públicos para vivenciar e celebrar a cultura hip hop, conferindo novo significado à parte de baixo do Viaduto. Porém, com aumento do número de pessoas nos eventos, a relação entre a proposta da Família e o público ficou dispersa.

Essas e outras questões levaram a conclusão de que é tempo de parar. Assim, a Família de Rua acredita obter o distanciamento necessário para analisar a situação e encontrar novas formas de ação. "Foi uma decisão madura e inteligente que tomamos. Sabemos que é importante o movimento para a cultura de rua da cidade, mas é preciso repensar a organização, a ocupação e a forma de comunicar as pessoas sobre os ideais”, esclarece Pedro Valentim, afirmando ainda que o Duelo de MC's não vai acabar. "Ele vai voltar, só não sabemos quando nem como, mas o hip hop continua, outras ações dentro da cena seguem sendo realizadas com o coletivo".
*Com Rafael Rodrigues