

Viveu seus anos de ouro entre as décadas de 1960 e 1970, impulsionada pela genialidade de artistas como James Brown, Aretha Franklyn, Marvin Gaye, Smokey Robinson, The Supremes, Wilson Pickett, Otis Redding, Curtis Mayfield, Sam & Dave, e Isaac Hayes, entre outros. Desde então, mesmo como o nostálgico exercício de revisão estilística, diversos músicos brancos – alguns nascidos até mesmo fora dos Estados Unidos – conseguiram adquirir credibilidade como intérpretes de soul. Entre tantos, o inglês Mick Hucknall.
Agora, recém-contratado pela mítica gravadora Atco, Hucknall volta a revisitar o gênero no CD 'American soul'. Ainda que não se arrisque a realizar alterações significativas nos arranjos originais, o cantor consegue reler com competência temas imortalizados por ícones do porte de Otis Redding ('That’s how strong my love is'), Aaron Neville ('Tell it like it is') e Etta James ('I’d rather go blind') e pelos relativamente obscuros Arthur Alexander ('The girl that radiates that charm') e Tyrone Davis ('Turn back the hands of time'). Estranhamente, porém, Hucknall acaba por perder o rumo da coisa ao estender as fronteiras daquilo que chama de soul ao regravar o clichê romântico 'It’s impossible', do canastrão branco Perry Como, ainda que se redima ao final da gravação quando, de forma ousada, vem emprestar seu feeling a 'Hope there’s someone', sombrio exemplar de pop barroco gravado pela banda underground Antony & The Jonhsons.