Queridinho da cena alternativa, o norte-americano Devendra Banhart chega a seu oitavo disco com 'Mala', com 14 composições quase todas escritas só por ele. O som pode ser definido como indie, mas com pinceladas de folk, um flerte com a música eletrônica e certa pretensão experimental, como atestam as três faixas, que são praticamente vinhetas, abaixo dos dois minutos de duração.
Jogado o confete, ficam algumas boas canções, como a lenta 'Won’t you come home', que encerra o álbum e tem Devendra sussurrando a letra sobre etérea paisagem criada por baixo, sintetizador, guitarra e percussão quase inexistente. Em alguns momentos, ele soa como outro conterrâneo talentoso, Elliot Smith (morto em 2003), a exemplo da ótima Daniel.
Nesse disco, Devendra parece formar uma assinatura musical principalmente com canções como 'Für Hildegard von Bingen', 'Never seen such good things' e 'Mi negrita', todas com o sintetizador de Noah Georgeson fazendo cenário para trabalho descomplicado da guitarra e linhas de baixo eficientes, revezadas por Todd Fahloff e Josiah Steinbruck.
Elementos eletrônicos são incorporados com parcimônia e competência em canções como 'Cristobal Risquez', 'Won’t you come over' e 'Your fining petting duck'. Nesta última, entretanto, os versos ganham acompanhamento quase totalmente eletrônico da metade em diante.
'Mi negrita' é a única faixa na qual Devendra, que canta quase sempre em inglês, entoa os versos em espanhol – ele é filho de uma venezuelana e um norte-americano. Por falar em América Latina, o carioca Rodrigo Amarante, do Los Hermanos, também participa do álbum, tocando guitarra e percussão nessa mesma faixa. Aliás, os dois já trabalharam juntos em outra banda de Rodrigo, a Little Joy.
Ouça à faixa 'Never seen such good things':