“É uma festa diferente. Não é só show de palco, mas apresentações com grande interação com o público, para mostrar a riqueza cultural do Bairro Aparecida.” Assim André Salles Coelho, de 46 anos, coordenador do Maracatu Lua Nova, de Belo Horizonte, se refere às comemorações dos 10 anos de existência do grupo, que serão celebrados nesta terça-feira, 5, a partir das 19h, na Funarte MG, com lançamento do disco 'Maracatus do Recife'. E com presença de convidados ilustres: a Guarda de Congo Feminina de Nossa Senhora do Rosário, a Guarda de Moçambique Divino Espírito Santo e o Ensaios – Samba do Seu Marcelo.
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“Apesar do livro ser largamente conhecido entre pesquisadores e praticantes de maracatu, essas melodias, em sua maior parte, já estão esquecidas, inclusive entre os integrantes dos grupos mais antigos e tradicionais”, continua André Salles, suspeitando que se trata da primeira gravação do material. “O CD é um registro histórico, mas também é disco com produção musical muito bonita. Maracatus são grupos com muita energia musical. O nosso objetivo é que as pessoas, e inclusive os grupos de maracatus, conheçam essas músicas.”
Bairro Aparecida
O Lua Nova nasceu do encanto de André Salles e outros integrantes com o maracatu, o que os levou a fazerem oficinas dedicadas à manifestação e a viagem a Recife para conhecer mestres e praticantes. “Recife está a 2 mil quilômetros de Belo Horizonte. Então, para continuar o trabalho, era mais fácil criar um grupo em Belo Horizonte do que ficar viajando para Pernambuco”, justifica André. Para ele, os 10 anos de existência do grupo têm sabor de vitória. “É grupo grande, que ensaia todos os sábados; são quatro uniformes, trinta e tantos instrumentos. Então não é simples administrar tudo isso. Cobra muita dedicação”, completa, lembrando que, depois de alugar casa, foi necessário comprar terreno para criar a sede.
No simbolismo, conta André, o maracatu é semelhante aos congados: fazem a festa de coroação de reis negros. Os tambores graves são mais um elemento que aproxima as duas práticas. Se em Pernambuco os grupos são mais próximos do candomblé, em Minas Gerais estão juntos aos católicos. O grupo de Belo Horizonte desenvolve duas linhas de atividades: uma participando de festas tradicionais; outra atuando como convidado em vários eventos (festival de inverno, carnaval de Ouro Preto e inauguração de estabelecimentos.). “O maracatu tem um ritmo marcante, dança, figurinos e canto bonitos, mas o mais importante é promover o encontro de todas as pessoas da comunidade”, defende André, acrescentando que os seus ensaios são abertos a quem quiser ir.
MARACATU LUA NOVA
Festa, exposição de fotos e lançamento do CD do grupo. Terça-feira, 5 de fevereiro, a partir das 19h, na Funarte MG (Rua Januária, 68, Floresta). Entrada franca.
REGISTROS
O Maracatu Lua Nova já lançou dois DVDS. O primeiro disco, por enquanto, só na sede do grupo ou entrando em contato com o coordenador pelo e-mail andresallescoelho@gmail.com.