Não tem jeito. Inevitavelmente, ao assistir pela primeira vez ao novo DVD da dupla Bruno e Marrone, Pela porta da frente, a maioria dos fãs vai pular 16 faixas e começar pela canção 24 horas de amor, clássico sertanejo consagrado nas vozes de Matogrosso & Mathias. Veja a entrevista com Bruno e Marrone para o blog Voz da Viola
O que torna essa releitura tão interessante não é arranjo novo, mas a interpretação. Pela primeira vez em 26 anos, o “segunda voz” decidiu mostrar que também canta. “Foi ideia minha, por causa daquilo que as pessoas pensam do Marrone, que acaba virando motivo de brincadeiras maldosas”, admite o parceiro Bruno. “Ele tem um talento musical enorme e não merece alguns comentários”, completa.
Embora passe longe das notas altas do companheiro, a voz rouca de Marrone deixa a sensação de som familiar – reforçando a defesa de Bruno de que o parceiro é fundamental para o sucesso do dueto.
“A troca de funções entre os dois cantores não é novidade na música sertaneja. Ao contrário: é tão antiga quanto as críticas aos donos da segunda voz. Entre as inversões mais famosas está a de Leandro e Leonardo: em 1998, Leandro tomou a dianteira. A canção Amor de novela foi incluída no CD Sonhador – o último da dupla, pois Leandro morreu naquele ano.
Entre as duplas mais recentes, Fernando Zorzanello é a segunda voz que mais tem se arriscado no comando do microfone. Nas últimas faixas de trabalho de Fernando e Sorocaba – o sucesso Madrid e Férias em Salvador –, cabe a Zorzanello o papel de astro. O companheiro entra apenas na metade da canção.
Para o cantor mineiro Marcelo Henrique Rocha, o Tchelo, primeira voz da dupla belo-horizontina Lu e Tchelo, o preconceito com o “segundinha” começa a acabar. “Um dos grandes responsáveis por isso foi o Victor Chaves, da dupla Victor e Leo. Além da bela voz, ele toca muito bem e compõe quase todo o repertório”, elogia.
CONVIDADOS ESPECIAIS
“O trabalho mais maduro da nossa carreira.” Assim Bruno define seu novo disco com Marrone. Pela porta da frente traz 20 faixas, entre inéditas e regravações. As novatas Juras de amor e Eu não vou aceitar se destacam no rádio. No entanto, as antigas, com novos arranjos, despertam mais curiosidade: Acorrentado em você, de 1997, e Esqueci, de 1995, que entra em pout-porri ao lado de Amor a três.
Para Bruno, regravar antigos sucessos é natural depois de 26 anos de estrada. “Com essa bagunça musical que está ocorrendo, é legal você também colocar o pezinho um pouco para a frente. Entretanto, torna-se fundamental não esquecer de pisar atrás. Temos público fiel, é importante saber equilibrar”, resume.
Para dar o “passo à frente” e se aproximar do chamado público “universitário”, os sertanejos apostaram em parcerias com Jorge e Mateus, na faixa-título, e Michel Teló, em Sem compromisso. Também está no disco (em duas canções) a dupla George Henrique & Rodrigo, empresariados pelos anfitriões. (EC)