Entre jovens talentos e outros nem tão jovens assim, é possível dizer que a cantora, compositora e clarinetista mineira Juliana Perdigão cercou-se de uma bela constelação de músicos e autores em Álbum desconhecido (YB Music/Nucleo Contemporâneo), seu disco solo de estreia. A maioria dos contemplados é radicada em Belo Horizonte, onde a artista também mora. A cereja do bolo ficou por conta da embalagem: projeto gráfico de Máximo Soalheiro, com frames do filme Ex Isto, de Cao Guimarães, no encarte.
Da capital mineira, colaboraram Brisa Marques, Cristiano Vianna , Flávio Henrique, Luiz Gabriel Lopes, Makely Ka, Maurício Ribeiro, Pablo Castro, Pedro Portella, Renato Negrão, Thiakov e Vitor Santana, entre outros. De fora, marcaram presença os músicos André Abujamra, Benjamim Taubkin, Carlos Careqa e Nailor Proveta, além dos compositores Gustavo e Tulipa Ruiz, Nuno Ramos e Romulo Fróes.
Miroir é a única composição assinada por Juliana, mas em parceria com Gustavo Ruiz. “Mesmo sendo praticamente uma música de cada autor, há uma unidade nesse disco pelo fato de a banda ser a mesma”, justifica ela. No caso, ela teve como base constante os músicos Pablo Castro (guitarra e violão), Maurício Ribeiro (guitarra, violão, piano e teclado), Thiakov (baixo), Mathues Bahiense (bateria e percussão). Brilho extra nas participações de Daniela Ramos, Yuri Vellasco, Gabriel Guedes e Mauro Rodrigues, entre outros.
Coletivo As bases foram todas gravadas ao vivo no Estúdio Verde, em Belo Horizonte, entre agosto de 2010 e março do ano passado. A direção artística é da própria Juliana e a produção musical, dividida entre ela, Maurício Ribeiro e César Santos. “O norte era fazer um disco de músicas inéditas de compositores contemporâneos. A escolha das músicas foi minha, mas a sonoridade foi algo alcançado coletivamente”, observa a artista. Em termos de “rotulagem”, define o trabalho simplesmente como “canção”.
Juliana acredita que, ainda que Álbum desconhecido seja composto quase completamente por composições de terceiros, reflete parte das experiências acumuladas em uma década de carreira – ela já tocou com o grupo instrumental Misturada Orquestra e com os chorões do Corta Jaca, por exemplo. Atualmente, divide-se entre o Graveola e o Lixo Polifônico, Cortando um Dobrado, Quatro na roda e, ocasionalmente, Proa.
Daí algumas canções terem instrumentação expandida, incluindo cordas e (ou) metais, como Hortelã (Cristiano Vianna e Pedro Portella), Cidade baixa (Romulo Fróes e Nuno Ramos) e, especialmente, Gangorra (Maurício Ribeiro e Zéfere). A única faixa instrumental é Perdigonzer, escrita por Flávio Henrique.