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Tony Bennett, Charles Aznavour e Doris Day mostram espírito jovem depois dos 80 e conquistam as paradas

"Se o Frank Sinatra fosse cantor no Brasil, estaria morando em um quartinho alugado lá em Cambuçu", Dóris Monteiro, cantora - Foto: Vanderley Lopes/Divulgacao Uma é rainha do pop contemporâneo. O outro, um dos maiores cantores populares do século 20. À primeira vista, juntar Lady Gaga com Tony Bennett poderia soar estranho. Que nada! O cabelo verde dela junto com o tradicional terno dele no clipe lançado esta semana deixam claro que conflito de gerações não é expressão apropriada para falar de Duetos II, o novo disco do veterano. Tony Bennett já vendeu mais de 50 milhões de discos no mundo inteiro, venceu o Grammy 15 vezes, sem contar os inúmeros hits que frequentam o inconsciente musical de muita gente. Mesmo assim, 2011 será lembrado como o ano de um feito inédito para o cantor, de 85 anos: em 60 anos de carreira, pela primeira vez o americano tem um disco como o mais vendido da Inglaterra. Será o tempero pop? Certamente, mas mais do que isso. A palavra apropriada é reinvenção. Além de Lady Gaga, Amy Winehouse (em derradeira participação), Mariah Carrey e Michel Bublé são alguns dos 17 intérpretes que dividem os vocais com Bennett.

Como os números provam, a ideia de surfar na onda de jovens funcionou. Mas o curioso é que ele não é o único dessa faixa etária no topo das paradas. Aos 87 anos, Doris Day lançou o disco My heart. O delicado álbum, que chegou às lojas da Inglaterra no início de setembro, também surpreendeu em vendas e atingiu lugar expressivo na cultuada lista da revista Billboard. Há 17 anos, ela que foi uma das atrizes mais destacadas de Hollywood nas décadas de 1950 e 1960, Doris não oferecia nada de novo para o público. No repertório estão canções dos Beach Boys e dos Lovin'Spoonful. O veterano Charles Aznavour também não tem do que reclamar. Na França, entre o badalado disco do DJ David Guetta e da revelação Adele, lá está Aznavour toujours, o trabalho de inéditas do cantor, de 87 anos. O CD também caiu nas graças da crítica brasileira.
Os trabalhos têm traços bastante distintos. Tony flerta com o pop, Doris viaja no tempo e Charles aposta nas composições inéditas. Apesar disso, há algo claro entre todos eles: pelo menos no exterior, a maturidade está sacudida. E no Brasil? Nem tanto. Sem espaço “Aqui no Brasil é um inferno. As gravadoras não abrem as portas. Não sei se elas estão falidas por causa da pirataria, mas não estão mais chamando ninguém. Sempre brinco: se o Frank Sinatra fosse cantor aqui, estava morando em um quartinho alugado lá em Cambuçu”, critica a cantora Dóris Monteiro. Revelada em 1951, foi rainha do rádio entre 1956 e 1958.
Estão no currículo mais de 50 discos e participações especiais, que incluem sucessos como Mudando de conversa, de Maurício Tapajós e Hermínio Bello de Carvalho. A última vez que marcou presença num estúdio foi em 1992, para gravar participação no álbum Samba canção, da série Academia Brasileira de Música. “Trabalho meu mesmo não consigo fazer. Porque você tem que ter bastante dinheiro para fazer um trabalho com arranjos bonitos, uma boa divulgação. Como tenho experiência com grandes gravadoras, quero que disco, mesmo independente, seja bem orquestrado”, explica. Dóris Monteiro está comemorando 60 anos de carreira. Não deve lançar nada para marcar a data. Há conversas, em Salvador, para a gravação de um disco independente, mas ela está reticente. “Essa coisa de disco independente me deixa um pouco assustada. Não sei se é legal. Todo mundo diz que é. Vamos ver”, espera. Enquanto decide se embarca ou não na onda independente, Dóris Monteiro faz festa com o público, sem se importar com o cansaço das viagens que faz pelo país.
“Agradeço muito a Deus, porque tenho muita vitalidade. Sinto como se tivesse 16 anos. É uma delícia”, garante. No dia 29, ela estará em Belo Horizonte para o projeto Compositores, na sede da Funarte. A cantora fará uma apresentação em homenagem a Dolores Duran. Boemia Se Dóris Monteiro se seduz mais pela estrada do que pelo estúdio, Cauby Peixoto mantém atividade nas duas frentes. Aos 80 anos – e também 60 de carreira –, o Professor, como é conhecido, tem lista extensa de projetos criados para celebrar as seis décadas de trajetória artística. “Estou na ordem do dia. Como sempre gravei muito bem e são poucos cantores, ainda sou muito solicitado”, conta. Toda segunda-feira, Cauby se apresenta em casas na tradicional zona boêmia de São Paulo. Também tem mantido frequência nos lançamentos fonográficos. Mas, diferentemente de Tony Bennett, que se aproxima de jovens celebridades da música, Cauby se mantém fiel ao seu extravagante estilo.
Em vez de reinvenção, no caso do cantor brasileiro o melhor é dizer que se descobre em outros clássicos. Roberto Carlos e Frank Sinatra foram os temas dos discos de 2009 e 2010. Que venham, então, os Beatles. Clipes na rede Além da ousadia na escolha dos parceiros, Tony Bennett também embarca na onda dos clipes. Em tempos de internet, os vídeos são lançados em doses homeopáticas pela rede, em datas estratégicas. No dia em que Amy Winehouse completaria 28 anos, 14 de setembro, o mundo a viu ao lado do cantor no dueto Body and soul, em gravação inédita. Esta semana foi a vez de Lady Gaga. Bem mais contida do que o normal, mas igualmente aparecida, a cantora surge em clima descontraído para mostrar o potencial jazzístico em The lady is a tramp. Professor e Beatles No dia 20, chega às lojas box especial com três CDs inéditos de Cauby Peixoto (foto). Um com regravações de Caetano Veloso, Ivan Lins e outros nomes da MPB, em formato de voz em violão; o segundo terá canções dos Beatles, como Hey Jude, Help; e o terceiro álbum tem repertório de clássicos internacionais. “São as músicas que canto nos shows. Tem em italiano, em espanhol, em inglês”, adianta. Ainda este ano, Cauby manda para as lojas o registro em DVD do show que marcou as comemorações de seus 60 anos de carreira. Assista ao clipe de The Lady is a Tramp, de Tony Bennett com Lady Gaga:

 

Assista ao clipe de Tony Bennett com Amy Winehouse
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