Única afilhada de Nelson Motta a passar distante do megassucesso experimentado por Marisa Monte e Vanessa da Matta, entre tantas outras, a paulistana Patrícia Marx, de 36 anos, dá uma nova guinada de carreira ao trocar a música eletrônica pela MPB. Em lançamento conjunto com o marido Bruno E., de 37, no álbum duplo Patricia Marx & Bruno E (CD e DVD) os dois reportam às décadas de 1960-70, período em que além do auge do formato da canção, as duplas se firmaram no cenário do showbusiness brasileiro.
“Foi muito bom trabalhar com o Nelson. Ele me colocou no caminho certo na hora que tinha de ser, dentro da minha idade”, avalia Patrícia, que, além de Ficar com você, de 1995, e Quero mais, de 1996, produzidos pelo famoso padrinho, ainda foi dirigida por ele em Charme do mundo, de 1997, que teve produção de João Marcelo Bôscoli. “Na época com 16 anos, cheguei para ele com uma proposta de MPB”, recorda a cantora. “Ele então me disse que eu estava muito nova para cantar o repertório de MPB que estava propondo”, acrescenta. E salienta que foi aí, então, que Nelson Motta transformou o seu repertório em algo pop, eletrônico.
“Foi aí que lancei, com o disco Ficar com você, a coisa da música eletrônica no Brasil”, afirma Patrícia Marx, ressaltando o fato de o produtor, na época, morar em Nova York, onde o gênero então fazia sucesso. Décimo primeiro trabalho da intérprete, que diz ter cansado da música eletrônica em uma década de trabalho dedicado ao gênero, Patricia Marx & Bruno E. é produto da busca por uma sonoridade mais orgânica, graças à base completamente acústica do disco. Ao lado do marido, ela quis voltar não só ao simples, por meio de instrumentos acústicos, como também ao formato original da canção no Brasil.
“É uma forma mais simples, com começo, meio e fim. Que conta uma história que tem poesia, que dá para construir algo que comunica mais”, afirma, sem ocultar a paixão pelo formato tão cultuado no Brasil. O mote do disco do casal, segundo Patrícia Marx, é a busca deles por uma vivência de infância. “No período em que comecei a pesquisar para fazer o disco, percebi em alguns filmes e discos uma volta àquela época. Senti no ar uma nostalgia de criança, de assuntos relacionados à infância. O que começou a chamar lá dentro, em minhas memórias musicais”, descreve a cantora, que acabou encontrando inspiração em Chico Buarque, Baden Powell, Tom Jobim, Milton Nascimento e outros compositores, além dos próprios shows que vinha fazendo em homenagem a Elizeth Cardoso e na música folk americana.
PARCERIAS Além de regravar Passaredo, de Chico Buarque e Francis Hime, Patrícia Marx também registrou na presença do mestre-parceiro Osvaldinho da Cuíca em Carnaval de ilusão. No mais, são parcerias dela com o marido, Bruno E., as faixas Dança das flores, Terra seca, Minha paz, Three short stories (com direito a uma segunda versão ao vivo no estúdio), Bênçãos, Baião de janeiro e You’re free. Sozinho, Bruno E. assina Oferenda. “O Bruno me dá acordes maravilhosos”, elogia o violão do parceiro, admitindo certa dificuldade em trabalhar com outros compositores diante da base harmônica que o marido lhe oferece.
“Fora o apoio, a segurança”, conclui Patrícia. Para Bruno, desde que os dois deixaram a Trama, a parceria ganhou novos contornos. “O mercado fonográfico mudou completamente e precisamos lançar o nosso negócio”, justifica a criação do selo Urubu Jazz, que estão inaugurando com o álbum duplo. O show de lançamento está sendo agendado para fevereiro, em São Paulo. Até lá, Patrícia Marx e Bruno E. fazem pocket shows para divulgar o disco.