O trabalho é realmente um álbum completo. Começa com introdução orquestral, como que para apresentar esse mundo de plástico de que fala o Gorillaz. A presença maciça de nomes da black music de diferentes gerações – além de Snoop Dogg estão os rappers Mos Def, o grupo De La Soul e o veterano cantor de soul/funk Bobby Womack – logo fez com que o trabalho fosse considerado de hip hop.
Está longe de chegar a isso. O que o Gorillaz fez foi usar sua massa sonora a serviço da música. Assim, uma faixa como Superfast jellyfish (que contou com De La Soul nos vocais e Gruff Rhys, vocalista e guitarrista da banda indie Super Furry Animals) tem seu andamento em clima de hip hop para cair num refrão pop, daqueles grudentos, que é cara do Gorillaz. Stylo, que se destaca por um clima de dance music dos anos 1980, tem seu auge nos vocais de Bobby Womack (que ainda marca presença em Cloud of unknowing).
A faixa-título, marcada pela guitarra e baixo de Mick Jones e Paul Simonon, do Clash, tem um início numa onda bem diferente das citadas, remetendo à psicodelia, para depois recair numa série de efeitos eletrônicos. Empire ants é daquelas canções bem amarradas, com um toque de melancolia, que lembram mais o Blur do que o próprio Gorillaz. Some kind of nature, com Lou Reed, é a cara do que o próprio fez no passado, só que aqui aparece atualizado, já que ele divide os vocais com Albarn.
Plastic beach, se comparado aos dois discos anteriores do Gorillaz, não tem aquela coleção de singles. Mas também em oposição aos outros dois, é um trabalho com começo, meio e fim, com cara de álbum, coisa que anda em baixa nos dias de hoje.