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Geraldo Viana lança site e rádio dedicados ao violão

Projeto Violões de Minas, que já gerou DVD, se prepara para levar a música instrumental a várias capitais. Geraldo Vianna anuncia site e rádio virtual dedicados ao jeito mineiro de tocar

Eduardo Tristão Girão
Os violonistas Geraldo Vianna, Juarez Moreira, Beto Lopes e Gilvan de Oliveira: riqueza harmônica reconhecida nacionalmente - Foto: Pedro Vilela/Esp.EM/D.A Press - 29/8/08 No que depender do músico, arranjador e produtor Geraldo Vianna, 2010 será o ano do violão mineiro. Para quem considera 2009 um ano de planejamento, nada mais natural que colher os frutos na sequência. Ele sabia que o documentário Violões de Minas (2007), cuja direção e roteiro assina, daria boa visibilidade aos ícones locais do instrumento, só não previa que pudesse render tantos desdobramentos – e tão rápido. Já está praticamente tudo acertado para que em março comece turnê nacional com ele e vários violonistas do estado. Em seguida, viagens pelo interior mineiro, portal na internet, rádio virtual e CD.
“O violão mineiro propõe algo. Essa é a diferença básica. Aqui não há continuidade do que já foi feito. Violonistas de alto nível no Brasil existem muitos, mas continuam em algo que já foi proposto. Aqui, cada um tem uma característica pessoal. Pode parecer egocêntrico, mas não é. É a realidade. Basta comparar”, acredita Geraldo. Profissional experiente, paralelamente à carreira solo mantém trabalho em estúdio, o que o levou a ter no currículo aproximadamente 200 CDs, LPs e DVDs produzidos dos mais variados estilos musicais. Tanto de artistas independentes como de craques como Pena Branca & Xavantinho.

A turnê nacional contempla, além de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Florianópolis e Porto Alegre. A princípio, será um show por mês: cada um com a participação de cinco ou seis violonistas, numa espécie de rodízio musical. “Onze instrumentistas participaram do DVD Violões de Minas e, se todos participassem de um único espetáculo, cada um mostraria muito pouco. A ideia é alternar os participantes. Já temos repertórios bem elaborados para duos, trios, quartetos. Fica um show bem dinâmico”, adianta.

Quem assistiu ao último show deles (este mês, no Museu de Artes e Ofícios, na capital mineira) terá uma ideia de como serão as apresentações do ano que vem. Todas serão em teatros, à exceção da de Belo Horizonte, onde ele quer tocar ao ar livre. A ideia é tentar reproduzir o clima do show de lançamento do documentário, realizado numa praça, em 2007. “Estiveram lá cerca de 5 mil pessoas. Parecia até show de pop rock. Ficamos muito entusiasmados. Foi um espetáculo lindo”, recorda.

DIFERENÇA O artista revela que não participará, necessariamente, de todas as apresentações. “Como dirijo o show, acho legal não tocar e ficar só na coordenação. Assim, todo mundo participa. Vejo tudo isso como um movimento importante não só para o projeto, mas para consolidação do violão mineiro. Fica mais democrático. O projeto é muito maior do que eu ou qualquer outro dos violonistas”, explica. Participaram do documentário Violões de Minas Toninho Horta, Juarez Moreira, José Lucena, Gilvan de Oliveira, Weber Lopes, Chiquito Braga, Aliéksey Vianna, Fernando Araújo, Theodomiro Goulart, Beto Lopes e Wilson Lopes. A proposta é que todos participem, com cada cidade conferindo talentos diferentes.

O repertório das apresentações terá, é claro, muita música autoral e mineira, mas isso não significa que os músicos se fecharão a compositores de outros estados. No show do museu, por exemplo, Geraldo Vianna tocou uma obra do fluminense Baden Powell. “A forma de tocar é o ponto mais interessante do nosso projeto. O Weber Lopes me disse que existe um virtuosismo no violão mineiro que é diferente. Não somos aqueles virtuoses de muitas notas. Temos um virtuosismo harmônico e rítmico muito rico e interessante. É algo muito técnico, mas as pessoas percebem. Mesmo sem saber o que é, percebem que há algo diferente. Isso é o que mais marca nosso jeito de tocar”, define.

Orçadas em cerca de R$ 450 mil, as turnês nacional e estadual já foram aprovadas nas respectivas leis de incentivo à cultura. “É um projeto barato, mesmo considerando os nomes envolvidos. Não depende de pompa na produção”, avalia. Em função do projeto, ele diz ter recebido convites para shows (inclusive no exterior) que independem de lei de incentivo e tê-los recusado por falta de planejamento ou cachê insuficiente. “A questão não é só a dos músicos, pois dependemos de estrutura de som muito boa. Optamos pelo violão puro, microfonado. E para isso é preciso de uma equipe técnica muito boa”, justifica.

NA REDE “Uma das coisas que percebi com Violões de Minas é o potencial que temos nesse aspecto e que talvez não esteja sendo explorado na medida certa. Não paro de receber e-mails de gente interessada no assunto”, observa. Por esse motivo, o músico anda às voltas com outros projetos que se relacionam às turnês. Ainda em desenvolvimento, um portal concebido por ele abrigará uma série de sites, incluindo um intitulado Violões de Minas. “Quero que as pessoas saibam do violão mineiro de um modo geral e conheçam por meio dessa janela todos os violonistas. Quero criar um núcleo do violão.”

Além disso, Geraldo está desenvolvendo uma rádio virtual com músicas de violonistas mineiros e pretende, ao fim das turnês, reunir os colegas em estúdio para gravar um disco. Está convicto de que, terminada a maratona de shows, estarão todos muito mais entrosados. “Muita gente quando vê o DVD Violões de Minas cobra um CD com os artistas e o repertório apresentado”, completa.