Paula Lima, cantora - Foto: Alexandre Schinaider/DivulgaçãoO show SambaChic começou pequeno, meio por acaso, como projeto paralelo à turnê do CD Sinceramente, o mais recente da cantora Paula Lima, e se transformou em algo bem mais amplo. Depois de três discos solo, de marcar presença no grupo Funk Como le Gusta e participar de projetos de hip hop, funk e soul, ela quis revelar um lado menos conhecido dos fãs. “Decidi cantar sambas que me fazem bem, fiz esse projeto para mostrar meu lado ousado, despojado e urbano.” Quando o show ficou pronto, a intérprete sentiu necessidade de encontrar meios para ampliar o alcance da idéia. Como tem poucos registros visuais das performances, a idéia de juntar todo aquele momento num DVD soou como a melhor alternativa. O resultado, que também deu origem a um novo CD, é de encher os olhos.
Diferentemente de projetos semelhantes, o DVD SambaChic não repete os mesmos defeitos: não parece frio, ensaiado. Paula Lima surge lindamente vestida de verde para desfilar seu suingue e – por que não? – improvisar, chamando o público para entrar no ritmo da festa. Deu certo. “Precisava passar essa liberdade que tenho nos shows. Sinto sempre frieza nos DVDs. O resultado deste é quente, reproduz exatamente o que ocorre no show”, compara ela, que contou com a parceria dos diretores Bruno Murtinho e Gian Carlo Belloti para levar adiante o projeto. A intenção, desde o início, foi aproveitar o projeto para contar um pouco da própria história. “Cresci ouvindo samba, aos 4 anos já escutava Martinho da Vila. Com 6, imitava Alcione e, aos 13, descobri Benjor. Adolescente, ouvia Michael Jackson e, depois dos 20, descobri o jazz e o soul.” O repertório do DVD reúne todas essas influências.
Paula Lima pinçou do primeiro disco canções como Quero ver você no baile (Seu Jorge e Gabriel Moura), Sai daqui tristeza (Max Viana) e É isso aí (Sidney Miller). Do segundo CD, trouxe Meu guarda-chuva (Jorge Benjor) e Gafieira S/A (Seu Jorge). Do disco Sinceramente trouxe Já pedi pra você parar (Arlindo Cruz e Babi), Tudo certo ou tudo errado (Arlindo Cruz e Maurição) e Negras perucas (Marcus Vinicius e Nilo Pinheiro), esta última com participação especial de Toni Garrido. Do repertório da dupla Ana Carolina e Antônio Villeroy foi buscar Eu já notei. “A intenção foi fazer um apanhado dos meus hits, acoplando músicas de que sempre gostei, como Jorge da Capadócia, que acabei transformando em espécie de oração, e outras como Deixa isto pra lá, com a qual me divirto muito.” A inédita Samba sem nenhum problema (Márcio Local), de alguma forma, resume o projeto. “Trata das coisas importantes que se destacam no Brasil.”
Gravado durante apresentação em agosto, na Casa das Caldeiras, em São Paulo, o DVD mistura todas as influências da intérprete: jazz, funk e soul mesclado aos elementos sonoros das guitarras distorcidas e à percussão, que, como ela diz, “pensa o samba com tempero de hip hip e drum’n’bass e pianos cheios de efeitos”. “Queria tirar essa imagem banquinho e violão. Não é o que mais me diverte. Gosto de palco, de gente, preciso de espaço. É o que faz meu sangue ferver”, resume ela, que não se considera sambista, mas se declara, como boa brasileira, fã do gênero. Nada mal para quem cresceu ouvindo samba, estudou piano clássico dos 7 aos 17 anos e tomou, para alegria dos fãs, gosto pelas mais variadas sonoridades de influências negras.
Assista ao clipe da música Vou deixar do novo álbum de Paula Lima