De olho nessas e em uma infinidade de outras vitrines e tendências, os clientes recebem das grifes que expõem coleções para a temporada primavera-verão'2019 tratamento à altura do investimento, capricho na oferta de produtos e na mordomia. Na feira desde que lançou as marcas que comanda, a estilista Fátima Scofield, proprietária da grife homônima e também da Fedra, ocupa cinco estandes nesta 22 edição, onde disponibiliza 120 modelos de cada marca, totalizando 240 referências. “O investimento é alto, mas necessário por que grande parte de nossos clientes está aqui”, justificou, afirmando que espera um crescimento de 20% no volume de negócios até o encerramento da feira.
A estratégia agradou em cheio à lojista Rayza Garcia de Carvalho, proprietária da multimarcas Alexandrino, de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. “É a primeira vez no Minas Trend e já virei cliente, pois gostei da proposta que traz vestidos de festa menos rebuscados, leves e soltos, para uso tanto de dia quanto à noite. Também gostei do mix, bem diverso, do tipo de matéria-prima e acabamento das peças”, elogiou.
Com showroom no Bairro Prado, Oeste de Belo Horizonte, e três estandes na feira, a grife Anne Fernades comercializa a média de 70% da produção de atacado por pedidos na Minas Trend. Para tanto, leva para a feira a média de 300 modelos nas linhas casual, coquetel e festa. “Atendemos a cerca de 150 clientes até agora, muitos das regiões Nordeste e Centro-Oeste e também do Sul do país, público que veio em massa para essa edição”, comemora a estilista que dá nome à grife e pretende anexar mais um estande para a marca na próxima edição do salão de negócios. “Nesta temporada, nossa expectativa é crescer 20%”, afirmou Anne.
Nas mesas dispostas nos estandes em que fecham os pedidos, clientes como Mônica Hial Abreu, da multimarcas Empório Abreu, de Uberaba, também no Triângulo, recebem atendimento personalizado. “Compro a média de 40% do meu estoque aqui, uma feira muito organizada e de estrutura caprichada, em que encontro mix completo de produtos.”
VITRINE Designer de acessórios criados em matéria-prima diversificada como metal, borracha e até lava de vulcão, além de quartzos e outras gemas, Carlos Penna conta que fez clientes nas principais cidades do Sudeste, incluindo boutiques famosas do Rio de Janeiro e de São Paulo, como a Choix, já apontada como uma das melhores lojas do mundo. “Minha carreira despontou nacionalmente aqui, quando fiz um desfile em parceria com a grife Plural. Agora, estamos em 26 pontos de venda no país.”
No segmento calçados e bolsas, quem expõe e frequenta a feira também faz bons negócios. Exemplo vem da grife Isla, especializada em bolsas sofisticadas, bordadas em pedrarias e outros elementos nobres, que espera encerrar a feira com crescimento de pelo menos 15% no volume de negócios em comparação à edição de verão 2017.
A grife produzida em penitenciária
Uma ideia premiada: a Libertees, confecção instalada no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, em BH, ficou com o terceiro lugar no concurso de novos talentos Ready to Go, durante a 22ª edição do Minas Trend, que se encerra hoje, às 17h. Marcella Mafra e Daniela Queiroga são as idealizadoras do projeto e proprietárias da grife. “Eu queria ter uma marca, mas não queria uma coisa de qualquer jeito, mas algo com propósito, que tivesse algum sentido e se relacionasse com a unidade prisional. E ai houve uma exposição dos trabalhos da escola da penitenciária, que eu vi no hall, e tive a ideia de fundar a Libertees”, conta.
Na coleção chamada Inspiração, as cinco mulheres que trabalham no projeto, Teresa, Alessandra, Marcella,Daniela, Brenda e Dayane, batizam as 36 peças que trazem desenhos exclusivos criados por elas. Júlia Ferreira (nome fictício), 29 anos, começou a trabalhar na confecção em dezembro, mesmo sem experiência prévia. “Hoje, eu consigo trabalhar com tudo aqui, posso até não saber algo, mas a Alessandra, nossa instrutora, sempre me ensina e ajuda. Tenho gostado muito de poder vir para cá todos os dias, para mim isso é libertador. Aqui dentro eu não me sinto presa, por alguns instantes me sinto livre. É tanta coisa que eu aprendo aqui que me transporta para outro lugar. Nunca imaginei ser possível algo assim dentro do sistema prisional”.
A marca já vendeu roupas para lojas no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e de BH, e está em projeto da Federação de Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Apex- Brasil, que visa a exportação. “A intenção é que as peças produzidas no complexo ganhem o mundo”, afirmam as idealizadoras. “Queremos trazer para a unidade prisional trabalho e qualificação, diferente de uma fábrica lá fora, onde você contrata pessoas qualificadas. Aqui nós capacitamos, ensinamos, é uma cadeia produtiva totalmente diferente e muito gratificante” pontua Daniela.