Após agressão, Evandro Santo rebate críticas da comunidade LGBT: ''Não votei em Bolsonaro''

Humorista usou as redes sociais para rebater as acusações após ser agredido em show na cidade de Marília, na última sexta-feira

Fernanda Borges 22/10/2019 11:01
Reprodução/Instagram
(foto: Reprodução/Instagram)

Evandro Santo rebateu as acusações e críticas de que estaria "se aproveitando da comunidade LGBT" e que seria apoiador do presidente Jair Bolsonaro. Na última sexta-feira, Evandro foi agredido com um soco no rosto e denunciou o caso nas redes sociais. 



Na noite dessa segunda-feira, o humorista gravou um vídeo de pouco mais de 14 minutos e postou no Instagram. "Se eu sou tão nojento e desgraçado, como que eu entro em toda boate LGBT e todo mundo me trata bem e me abraça? Um monte de travesti que é amiga minha", disse. 

Em outro trecho, Evandro diz: "O que eu digo para você que é hater e que fala que me odeia, que é mimimi e que eu não fiz a minha causa pelo LGBT: fui em todas as paradas gays, já salvei gay desmaiado em boate que ninguém deu confiança, carreguei no colo e levei para a enfermaria.... respeitem a minha história", desabafou. "Eu tenho todo o direito de reclamar de homofobia... eu ajudei essa comunidade a crescer", completou. 
O humorista revelou ainda não ser apoiador de Jair Bolsonaro. "Eu era Ciro Gomes, não tenho nada contra o Bolsonaro, não votei nele, sou contra a ideologia dele, mas não significa que eu tenho que ficar falando mal e odiando a pessoa... eu simplesmente não sigo o que eu não gosto, eu não perco meu tempo seguindo ou dando Ibope para quem eu não gosto", finalizou.  

Agressão


No último sabado, o humorista, que trabalhou no programa Pânico por 11 anos, publicou duas fotos no Instagram, e relatou que foi agredido por um integrante da plateia após um show de stand-up comedy na cidade de Marília, no Estado de São Paulo. 


Na primeira publicação, Evandro conta que, durante a apresentação, convidou pessoas para subir ao palco e participar do 'Tinder humano'. No decorrer da brincadeira, os participantes ganharam um selinho dele.

"Quando pedi um rapaz solteiro, na hora um rapaz chamado Pedro se prontificou a subir [no palco] para fazer o Tinder com outra moça, que sempre pode acabar em um 'beijo' ou 'selinho'. Ele super aceitou bem, fez o Tinder, ganhou um selinho meu, deu risada, assim como a moça ganhou um [selinho] meu e deu risada. Saiu do palco de boa", descreve o humorista.

Depois disso, Evandro afirma que pediu dez minutos de pausa e foi ao banheiro. Ao sair do cômodo, diz que foi surpreendido pela chegada do Pedro, "o mesmo que participou por vontade própria [do show]". O artista relata que o rapaz deu um soco na boca dele e que não reagiu. "Tanto a boca quanto o nariz sangraram."

Evandro Santo vai processar agressor


Evandro conta que depois do ocorrido, saiu "passado" do local e foi direto para o hotel. "Não apanho desde os 13 anos de idade, por qualquer motivo", disse. Ele afirma que, ao acordar neste sábado, pensou em "deixar [o caso] pra lá e ir logo para casa", mas decidiu ir à delegacia a fim de registrar um boletim de ocorrência por agressão e homofobia.

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Esta não é uma foto bonita e nem legal. Esta foto mostra o quanto devemos ter cuidado com pessoas com aparência %u201Cnormal%u201D, porque o ódio e a homofobia não tem cara. Viemos ontem fazer nosso show em Marília, na @aguadocemarilia um local que nos recebeu super bem, com todo o carinho e respeito e profissionalismo, do começo ao fim. Como todos que viram já o meu show, ele é interativo e as pessoas sobem no palco e dão risadas e sobem porque querem. Quem não quer não sobe. O show transcorria super bem, até que chega a hora do %u201CTinder humano%u201D e todos os meus amigos da comédia sabe que funciona. Quando pedi um rapaz solteiro, na hora um rapaz chamado Pedro, se prontificou a subir para fazer o Tinder com outra moça que sempre pode acabar em um %u201Cbeijo%u201D ou %u201Cselinho%u201D. Ele super aceitou bem, fez o Tinder, ganhou um selinho meu, deu risada assim como a moça ganhou um meu e deu risada. Saiu do palco de boa, o público que era muito educado, participativo e carinhoso pediu para eu ficar mais, agradecemos a cada, a #jovempanmarilia, pedi dez minutos para descansar e depois como sempre tirar as fotos. Saí, fui no banheiro, e quando saí, um rapaz falou: %u201C O Pedro está vindo ao banheiro%u201D. E eu: uai, e daí. Quando saí do banheiro do nada, o cara apareceu, o mesmo que participou por vontade própria e me deu um baita soco na boca, no qual obviamente eu não reagi. Tanto a boca quanto ao nariz sangraram. Na hora virou um tumulto no banheiro, gente separando o cara, um cara ficou puto e disse para o pai dele: Você trouxe o seu filho para fazer isto com o artista? Chegou uma moça super prestativa e fizeram um paredão para eu sair. Saí tão passado que fui direto para o hotel. Não apanho desde os 13 anos de idade, por qualquer motivo. Acordei péssimo pensando em deixar pra lá e ir logo para casa. Mas não. Vou na delegacia fazer o B.0 e vou fazer todos os processos possíveis do mundo por agressão, homofobia e covardia. Por que o cara não me bateu no palco? Por que esperou eu ir no banheiro e estar sozinho? Deve ser algum poderoso da cidade? Pode ser. Mas sou figura pública é isto poderia acontecer com qualquer amigo meu da comédia. Gente, quem não curte comédia ou humor, não frequentem shows

Uma publicação compartilhada por Evandro Santo (@evandrosanto) em


Ao terminar a primeira publicação, Evandro fez alguns questionamentos. "Por que o cara não me bateu no palco? Por que esperou eu ir no banheiro e estar sozinho? Deve ser algum poderoso da cidade? Pode ser. Mas sou figura pública e isso poderia acontecer com qualquer amigo meu da comédia. Gente, quem não curte comédia ou humor, não frequente shows."

Em uma segunda foto publicada na rede social, o humorista disse que conseguiu algumas informações a respeito do rapaz que o agrediu. "Fiquei sabendo agora que ele acabou de sair de uma clínica de reabilitação. Isto não é desculpa. Conheço um monte de dependentes ou ex-dependentes que não agridem ninguém. Cabia, então, a alguém da família cuidar do moço, não deixar ele subir no palco ou participar devido a sua suposta saúde mental. Alguém vai responder sobre este crime real", afirmou.

"Vou até o fim com todos os processos possíveis", prosseguiu Evandro. "Em nome do respeito ao próximo, à não violência do próximo e à anti-homofobia. Vou agora na delegacia e vou atrás dos meus direitos. Enfim, vida que segue", concluiu. (Com Estadão Conteúdo)

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