Ativistas LGBT+ criticaram o ator George Clooney, nesta terça-feira, 14, após ele classificar um boicote a hotéis luxuosos de Brunei como "um tiro de advertência" para Indonésia e Malásia, caso os países considerem adotar uma legislação contrária a homossexuais semelhante.
No fim de março, Clooney liderou pedidos de boicote a nove hotéis sob propriedade de Brunei devido a planos do país de punir relações sexuais homoafetivas ou adultério com pena de morte - inclusive por apedrejamento - ao adotar novas leis islâmicas. Em resposta a protestos globais, o sultão do Estado rico em petróleo descartou a imposição da pena de morte na semana passada.
saiba mais
"Isso envia um tiro de advertência a países como Indonésia e Malásia - que também estão considerando essas leis - de que os empresários, os grandes bancos, esses caras vão dizer 'nem entrem nesse empreendimento'".
No entanto, os comentários de Clooney despertaram reações online, à medida que críticos e ativistas LGBT regionais apontaram grandes diferenças entre Brunei e seus vizinhos islâmicos.
"Eu convido George Clooney e Hollywood a ouvirem e trabalharem em campo com ativistas locais e defensores dos direitos humanos", disse Numan Afifi, presidente da iniciativa defensora dos LGBT Pelangi Campaign, à Fundação Thomson Reuters.
"Ativistas locais têm arriscado suas vidas em trabalho de campo há anos", disse Afifi. "A declaração dele, ainda que bem-intencionada, também pode ser contraproducente para nosso caso".
Representantes de Clooney não responderam de imediato a pedidos por comentários via e-mail.
Atitudes socialmente conservadoras prevalecem na Ásia, onde Myanmar, Malásia e Cingapura baniram relações homoafetivas entre homens e a Indonésia - o maior país de maioria muçulmana do mundo - tem presenciado um aumento nos ataques a membros da comunidade LGBT recentemente.
Dede Oetomo, um dos ativistas LGBT de maior destaque na Indonésia e fundador do grupo GAYa Nusantara, também questionou os comentários de Clooney. "A Malásia e a Indonésia são países maiores e têm alguns processos democráticos que, apesar de imperfeitos, funcionam", disse Oetomo. "Pressão interna é mais possível em ambos os países, embora seja lenta e demorada".