"Eu cresci sofrendo racismo e gordofobia, mas o racismo sempre foi mais pesado. Eu era chamada de 'macaca' e 'cabelo de Bombril' quase todos os dias. Eu cresci com medo, medo de brancos, de entrar em 'ambientes brancos'"
"Depois de tantos anos eu ainda tenho alguns receios, como entrar em um restaurante caro, por exemplo. Meu receio faz sentido, porque o racismo nunca esteve tão vivo. Talvez esteja mais indireto, mas ainda existe."
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"Eu saí de casa feliz com meu avô e, quando meu avô foi me buscar, eu pedi socorro, chorando. Cheguei em casa, logo no primeiro dia, não querendo nunca mais voltar naquele lugar."
"Eu saí da creche da comunidade e fui para um colégio em que a maioria não era de comunidade, não vestiam roupas simples, não calçavam sapatos simples e não tinham mochilas simples iguais às minhas. Eles me olhavam com nojo, implicavam com tudo, principalmente com minha mochila e o meu cabelo".
Carol ressalta que ficou na escola até a 5ª série, já que sua família afirmava que o ensino no local "era forte". Segundo ela, apenas cinco pessoas a tratavam bem no colégio, entre elas, o porteiro, que tentava evitar que apanhasse na hora da saída.
"Eu era minoria. Os poucos negros ali já tinham uma mente racista", ressaltou.
Em outro caso que a marcou, uma professora fez um desafio em que o menino e a menina que acertassem mais perguntas seriam o noivo e a noiva da festa junina da escola. Ela foi a vencedora, junto a um colega loiro.
"Minha vó, com todo carinho, mesmo sem dinheiro, pediu pra fazer esse vestido. eu estava muito feliz até chegar ao colégio e descobrir que o noivinho não ia aparecer, porque ele queria dançar com outra menina da sala. Como eu era a única negra da turma, entendi tudo."
Carol publicou uma foto do dia e afirmou que não dançou na festa, porque "estava com vergonha e triste".
A cantora ainda relatou outros casos de preconceito racial mais recentes, como quando foi xingada e praticamente expulsa de um taxi quando acompanhava uma mulher branca estrangeira no Rio de Janeiro, e até mesmo um praticado por um vizinho.
"Um amigo mandou um print de uma postagem de um cara da minha rua, dizendo que tinha quatro suspeitos negros dentro de um carro de luxo 'X' da cor 'Y'. Éramos eu e meus amigos entrando na minha rua de brancos."
"Foi ensinado pra mim a sempre ter medo por ser negra e por ser mulher. A ter medo de aceitar coisas de homens, principalmente carona. A ter medo de andar a noite na rua, principalmente de roupa curta. A ter medo de ficar perto da bolsa ou dinheiro de alguém pelo fato de ser negra"
MC Carol também falou sobre a morte de Pedro Gonzaga, jovem que morreu após ser sufocado por um segurança do Extra no Rio de Janeiro.
"Isso não é coincidência, isso é racismo, e racismo mata! Não existem chacinas com meninos loiros. Homens brancos de olhos azuis não são presos e mortos porque foram confundidos. Isso é um absurdo! Nossas vidas importam! Vidas negras importam!", encerrou.
Esse foi um dois primeiros contatos com o racismo. Na verdade o primeiro foi no PRIMEIRO DIA DE AULA. No primeiro dia eu fui trancada no banheiro por meninas brancas! (Eu já postei sobre isso e eu fui questionada por lembrar disso tão pequena, deve ser pq quando doi muito, marca) pic.twitter.com/c3k5HPXZUu
— MC Carol (@mc_caroloficial) February 17, 2019