Um tamanduá apoiando-se em um formigueiro sob um céu estrelado. A bela fotografia valeu ao seu autor, o brasileiro Márcio Cabral, um prestigioso prêmio dedicado à vida selvagem. Mas se tratava supostamente de um animal empalhado.
A imagem intitulada "The Night Raider" ("Predador Noturno"), tirada no Parque Nacional das Emas, recebeu em 2007 o prêmio de melhor fotografia na categoria "Animais em seu meio ambiente", entregue pelo Museu de História Natural de Londres.
Contudo, algum tempo depois, o museu recebeu de fontes anônimas diferentes documentos colocando em dúvida a autenticidade da obra. O regulamento do concurso estipula que as obras não devem "tentar representar falsamente a realidade". Por essa razão, Márcio Cabral perdeu o prêmio.
Entre os documentos recebidos pelo museu estão fotografias de um tamanduá empalhado exposto na recepção do parque e que se parece extraordinariamente com o registrado por Cabral.
"É muito provável que o animal da fotografia (premiada) seja um exemplar empalhado", declarou nesta sexta-feira (27) a instituição.
"Há elementos na postura do animal, sua morfologia, marcas no pelo, as posições do pescoço e da cabeça são muito parecidas para que se trate de animais diferentes", ressaltou.
Márcio Cabral nega as acusações e afirma ter uma testemunha de que a foto não foi feita com uso de um animal empalhado. Na inscrição ao prêmio, ele afirmou ter gastado três anos na busca por esse registro.
O fotógrafo ainda argumentou que, num parque, seria muito difícil que ninguém visse um animal empalhado sendo transportado e instalado num lugar específico para ser fotografado. Ele ofereceu as imagens prévias e posteriores ao clique do tamanduá, mas o animal aparece apenas na fotografia inscrita ao prêmio. Segundo Cabral, isso se deve ao fato de que ele usou uma técnica de longa exposição para capturar a foto.