Quando o escândalo estourou, preferiu não fazer comentários de primeira, mas o diretor de cinema Quentin Tarantino, amigo pessoal de Harvey Weinstein, acabou admitindo que sabia há décadas do comportamento do produtor, acusado de vários casos de assédio e abusos sexuais.
A polícia de Los Angeles também confirmou na quinta-feira, 19, a abertura de uma investigação sobre uma agressão sexual ocorrida em 2013, enquanto duas investigações já estão sendo conduzidas contra o magnata do cinema em Nova York e Londres.
A reação de Tarantino, um dos diretores mais renomados de Hollywood e um dos mais próximos de Weinstein, era muito aguardada. ''Sabia o suficiente para ter feito mais do que fiz'', disse o cineasta, ganhador de dois Oscars, ao jornal The New York Times nesta quinta, 19, citando vários episódios envolvendo atrizes famosas.
''Havia algo mais que os tradicionais boatos e as fofocas habituais. Não era informação de segunda mão'', destacou. Em meados de outubro, após as primeiras acusações contra Weinstein, Tarantino reagiu com uma curta mensagem no Twitter evocando ''revelações que emergiram''. Ele também se disse ''atordoado, com o coração partido''.
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''O que fiz marginalizou os incidentes'', disse. ''Qualquer coisa que diga agora soará como uma desculpa barata'', acrescentou o diretor, premiado com o Oscar de melhor roteiro por Django livre em 2013 e Pulp fiction em 1995. ''Gostaria de ter agido de forma responsável diante do que escutei. Se tivesse feito o que eu deveria ter feito, nunca teria trabalhado com ele'', concluiu.
Weinstein e Tarantino trabalharam juntos por décadas, desde que o produtor distribuiu Cães de aluguel em 1992. Depois, ambos trabalharam em Pulp fiction, Kill Bill, Bastardos inglórios e Os oito odiados. O ex-produtor de Hollywood renunciou ao cargo no conselho administrativo de seu estúdio, a Weinstein Company, esta semana, depois de ter sido demitido da Presidência.
Antes do novo caso que está sendo investigado pela polícia de Los Angeles, cinco atrizes já haviam acusado Harvey Weinstein de estupro. Sua personalidade era bem conhecida em Hollywood, e muitas vezes evocadas entrelinhas durante discursos públicos ou em filmes. Harvey Weinstein declarou, através de sua porta-voz, que as relações sexuais reveladas publicamente foram consentidas.