Nessa terça, antes de ir à Polícia Civil, Preta postou em seu perfil no Facebook um texto em que comenta o episódio: “Eu me chamo Preta Maria Gadelha Gil Moreira de Godoy, tenho 42 anos, sou casada, mãe de um homem de 21 anos e avó de uma boneca de 8 meses, sou filha da mistura. (...) Desde muito nova convivi com o preconceito de quem não aceitava ver filho de negro em uma escola particular, de quem não consegue aceitar que uma pessoa pode se chamar Preta”.
“(...) Ontem, fui atacada com diversas mensagens de ódio em minha página no Facebook; uns atacaram minha cor, meu trabalho, meu corpo, outros tentando fazer piadas de péssimo gosto apenas para tentar me diminuir ou magoar. Eles assinaram todos os posts com uma hashtag, agiram em bando, são organizados e cruéis. Saibam que esse tipo de ataque só me fortalece, eu conheço o meu valor!!! (...) São covardes, são pessoas vis, não sei quem são”.
Na sequência, Preta comenta a decisão de denunciar o caso à polícia: “Será que eu deveria não dar atenção ou querer me preocupar com isso? Não! Vou me defender em meu nome e de quem mais se sentiu ultrajado com essa verdadeira doença social. Essa epidemia de desamor e ódio que se alastra e atinge a todos. Estou cansada dessa impunidade, dessa onda de ódio, de gente que escreve o que quer para atacar a quem está quieto. Quero justiça!”
Ao sair da delegacia, à tarde, Preta lamentou o episódio: “Eu convivo com os ‘haters’, mas nunca houve algo tão grave e nunca foi organizado com um monte de uma vez só.
A Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado e que os responsáveis, se identificados, poderão ser indiciados por injúria racial, cuja pena varia de 1 a 3 anos de prisão.
Memória
Episódios recorrentes
Casos de racismo na internet são corriqueiros. Em outubro do ano passado, uma foto publicada no perfil da atriz Taís Araújo no Facebook recebeu diversos comentários ofensivos relativos à pele e ao cabelo. Depois de tomar conhecimento do episódio, a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática do Rio abriu investigação. Três pessoas foram presas em março deste ano e, atualmente, respondem a processo em liberdade. Em julho de 2015, a jornalista Maria Júlia Coutinho, que apresenta as previsões do tempo no Jornal Nacional, da Rede Globo, foi alvo de comentários pejorativos e racistas em redes sociais, que desencadearam uma onda de apoio a Maju, como ela é chamada pelos amigos de trabalho, com a criação da hashtag #somostodosMaju.