Depois de revelar, há um ano, que foi estuprada no fim da adolescência, Lady Gaga voltou a abordar o assunto nesta quinta-feira, 10, durante debate promovido pelo jornal New York Times, nos EUA. "Acho que não contei para ninguém durante uns sete anos. Não sabia o que pensar a respeito, nem como aceitar. Não sabia que não deveria me culpar, ou pensar que a culpa era minha", desabafou a artista, indicando que o crime de que foi vítima "mudou minha vida, mudou completamente quem eu era".
Gaga tinha 19 anos quando foi atacada. O estupro deixou marcas, tanto psicológicas quanto físicas, que ela agora, aos 29, faz questão de compartilhar. "Quando você passa por uma situação como esta, as ramificações físicas não são apenas imediatas. Para muitas pessoas funciona como um trauma que você revive por muitos anos depois. Logo, as pessoas não sofrem dores apenas mentais e emocionais, mas também dores físicas resultantes de terem sido abusadas, estupradas ou traumatizadas de alguma forma", detalhou a popstar.
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Porém, com o passar dos anos, ela conseguiu enxergar que a responsabilidade era unicamente do homem que a estuprou, e decidiu dividir com o mundo suas experiências na intenção de abrir os olhos de outras vítimas.
"Quando olho para o mar de lindas carinhas jovens, para quem eu tenho a chance de cantar e dançar, vejo muita gente que guarda segredos que as estão matando", observa Gaga. "Nós não queremos que vocês guardem suas dores aí dentro e deixem-nas apodrecer como uma maçã estragada, entende? Vamos jogar fora todo esse lixo. Vamos nos livrar disso juntos", convocou.
Até acontecer com você
As declarações de Lady Gaga ocorreram durante debate sobre o recém-lançado documentário The hunting ground. Dirigido pelo indicado ao Oscar Kirby Dick (The invisible war, Twist of faith), o longa aborda histórias de duas mulheres que foram estupradas enquanto eram alunas de uma universidade na Carolina do Norte. Gaga gravou o tema do filme, Till it happens to you, acompanhado de um clipe impactante divulgado em setembro.
A canção, assinada pela cantora em parceria com Diane Warren, concorre ao Grammy no ano que vem. "Diane e eu queríamos abrir a porta para qualquer pessoa que viveu alguma experiência do tipo, para que soubessem que está tudo bem em compartilhar, e que você não precisa ficar tão na defensiva porque, até que aconteça com você, ninguém sabe como é", apontou a popstar.
Anteriormente, Gaga já havia se envolvido na causa das vítimas de estupro em ambiente universitário, quando apoiou a campanha Enough is enough. Em junho, a intérprete e compositora se uniu ao governador de Nova York, Andrew Cuomo, para emplacar um projeto de lei que protege vítimas nos campus. "Atualmente, muitas estudantes universitárias passam por abusos sexuais, poucos abusadores são condenados e muitas vezes sobreviventes não têm recursos suficientes para a recuperação", declarou Gaga à época.
A artista norte-americana também é fundadora e co-gestora da organização não-governamental Born this way, que presta assistência a jovens gays, lésbicas, bissexuais e transexuais (LGBT) expulsos de casa ou em situação de risco social.