Gênio forte, Marília Pêra era mulher de opinião. Inflexível até, acusavam alguns. Em entrevistas, ela se defendia da pecha de durona. Diretora e produtora de teatro, dizia brigar por qualidade, ética e respeito – valores herdados da família, formada por muitos atores que deram duro para sobreviver. Gente pobre, distinta e batalhadora que ensaiava o dia todo para se apresentar à noite.
A atriz não era de se intimidar. Reclamou do "forno" em que os estúdios da Globo se transformam no verão, defendeu camarins em que o profissional pudesse decorar textos com conforto, sem suar em bicas. Revelava que aqueles espaços chegavam a ser insalubres devido às altas temperaturas cariocas.
A política trouxe amargos dissabores para Marília Pêra. Em 1968, foi presa e espancada por aliados da ditadura militar, que perseguiram o elenco da peça Roda viva, de Chico Buarque de Holanda. Veio a redemocratização e as patrulhas – agora de esquerda – desancaram a atriz por apoiar a candidatura de Fernando Collor de Mello à Presidência da República, na campanha de 1989.
Marília declarou ter votado em Collor porque não entendia nada de política. "Sou muito ingênua", disse. Mais recentemente, ao comentar a crise enfrentada pelo governo petista, lamentou o sacrifício imposto ao povo pelos políticos, dizendo-se aliviada: "Não fui só eu que errei, todo mundo erra".
Fã de Sandy, Zezé di Camargo & Luciano e Chitãozinho & Xororó – artistas rejeitados pela elite intelectual –, Marília dirigiu shows de Wanessa Camargo e da dupla Cristian & Ralph. Gostou do filme 2 filhos de Francisco e brincava com o amigo cineasta Miguel Faria Jr.: queria que ele filmasse "2 filhas de Pêra", estrelado por ela e a irmã, Sandra, também diretora e atriz. Dizia que sua família passou tanto aperto quanto a dos sertanejos Zezé e Luciano.
Marília Pêra foi casada com o ator Paulo Graça Mello, com quem teve o filho Ricardo; Nelson Motta, com quem teve Esperança e Nina Morena; e deixa viúvo o economista Bruno Faria, 23 anos mais novo do que ela.
LINHA DO TEMPO
1943
Marília Soares Pêra, filha dos atores Dinorah Marzullo Pêra e Manoel Pêra, nasce em 22 de janeiro, no Rio de Janeiro
1961
Excursiona por Brasil e Portugal com a peça Society em baby-doll
1965
Entra para a TV Globo, onde fez as novelas Rosinha do Sobrado e Padre Tião
1966
Vive Carmen Miranda no musical A pequena notável
1968
Atua na novela Beto Rockfeller, na TV Tupi. É espancada junto do elenco da peça Roda viva, de Chico Buarque
1969
Produz e atua em Fala baixo, senão eu grito, peça de Leilah Assumpção
1974
Protagoniza a novela Supermanoela, na Globo
1978
Estreia como diretora na peça A menina e o vento, de Maria Clara Machado
1981
No papel de Suely, estrela Pixote, a lei do mais fraco, de Hector Babenco
1982
Trabalha na minissérie Quem ama não mata, na Globo
1983
Participa do filme Bar Esperança, de Hugo Carvana
1986
Dirige e produz O mistério de Irma Vap, com Marco Nanini e Ney Latorraca
1988
Interpreta Juliana na minissérie O primo Basílio, na Globo
1996
Faz o papel de Perpétua no filme Tieta do Agreste, de Cacá Diegues
1998
Contracena com Fernanda Montenegro em Central do Brasil, de Walter Salles
2004
Interpreta Coco Chanel na peça Mademoiselle Chanel
2006
Atua no filme Acredite, um espírito baixou em mim, com Ilvio Amaral e Maurício Canguçu
2006
Faz o papel de Sara Kubitschek na minissérie JK, na Globo
2015
Darlene é seu último papel na TV, em Pé na cova, na Globo. Morre no Rio de Janeiro
A atriz não era de se intimidar. Reclamou do "forno" em que os estúdios da Globo se transformam no verão, defendeu camarins em que o profissional pudesse decorar textos com conforto, sem suar em bicas. Revelava que aqueles espaços chegavam a ser insalubres devido às altas temperaturas cariocas.
A política trouxe amargos dissabores para Marília Pêra. Em 1968, foi presa e espancada por aliados da ditadura militar, que perseguiram o elenco da peça Roda viva, de Chico Buarque de Holanda. Veio a redemocratização e as patrulhas – agora de esquerda – desancaram a atriz por apoiar a candidatura de Fernando Collor de Mello à Presidência da República, na campanha de 1989.
Marília declarou ter votado em Collor porque não entendia nada de política. "Sou muito ingênua", disse. Mais recentemente, ao comentar a crise enfrentada pelo governo petista, lamentou o sacrifício imposto ao povo pelos políticos, dizendo-se aliviada: "Não fui só eu que errei, todo mundo erra".
Fã de Sandy, Zezé di Camargo & Luciano e Chitãozinho & Xororó – artistas rejeitados pela elite intelectual –, Marília dirigiu shows de Wanessa Camargo e da dupla Cristian & Ralph. Gostou do filme 2 filhos de Francisco e brincava com o amigo cineasta Miguel Faria Jr.: queria que ele filmasse "2 filhas de Pêra", estrelado por ela e a irmã, Sandra, também diretora e atriz. Dizia que sua família passou tanto aperto quanto a dos sertanejos Zezé e Luciano.
Marília Pêra foi casada com o ator Paulo Graça Mello, com quem teve o filho Ricardo; Nelson Motta, com quem teve Esperança e Nina Morena; e deixa viúvo o economista Bruno Faria, 23 anos mais novo do que ela.
LINHA DO TEMPO
1943
Marília Soares Pêra, filha dos atores Dinorah Marzullo Pêra e Manoel Pêra, nasce em 22 de janeiro, no Rio de Janeiro
1961
Excursiona por Brasil e Portugal com a peça Society em baby-doll
1965
Entra para a TV Globo, onde fez as novelas Rosinha do Sobrado e Padre Tião
1966
Vive Carmen Miranda no musical A pequena notável
1968
Atua na novela Beto Rockfeller, na TV Tupi. É espancada junto do elenco da peça Roda viva, de Chico Buarque
1969
Produz e atua em Fala baixo, senão eu grito, peça de Leilah Assumpção
1974
Protagoniza a novela Supermanoela, na Globo
1978
Estreia como diretora na peça A menina e o vento, de Maria Clara Machado
1981
No papel de Suely, estrela Pixote, a lei do mais fraco, de Hector Babenco
1982
Trabalha na minissérie Quem ama não mata, na Globo
1983
Participa do filme Bar Esperança, de Hugo Carvana
1986
Dirige e produz O mistério de Irma Vap, com Marco Nanini e Ney Latorraca
1988
Interpreta Juliana na minissérie O primo Basílio, na Globo
1996
Faz o papel de Perpétua no filme Tieta do Agreste, de Cacá Diegues
1998
Contracena com Fernanda Montenegro em Central do Brasil, de Walter Salles
2004
Interpreta Coco Chanel na peça Mademoiselle Chanel
2006
Atua no filme Acredite, um espírito baixou em mim, com Ilvio Amaral e Maurício Canguçu
2006
Faz o papel de Sara Kubitschek na minissérie JK, na Globo
2015
Darlene é seu último papel na TV, em Pé na cova, na Globo. Morre no Rio de Janeiro