O Porta dos Fundos se tornou onipresente no campo do entretenimento.
Com dez episódios, O grande Gonzalez mistura humor, gênero policial e uma receita antiga de telenovelas brasileiras: quem matou?. Com um quê do seriado norte-americano CSI, a produção mostra a investigação em torno do assassinato do mágico, protagonizado por Luis Lobianco. O crime ocorre em plena festa infantil logo no primeiro capítulo.
Antonio Tabet e João Vicente Castro interpretam os policiais.
A projeção do Porta dos Fundos em diferentes plataformas remete a ideia inicial do grupo. Antes de se tornar o projeto bem-sucedido de humor na web, os sócios apresentaram o projeto para canais da TV por assinatura. Receberam “não” como resposta e se enveredaram pela internet. Deu certo. Resta saber se a linguagem e identidade do canal dará certo como série de televisão.
>>Entrevista Luis Lobianco
Quais as referências para a composição do personagem?
Assim que o roteiro foi liberado, foi um mergulho por completo. Eu estudada o dia inteiro. Tive um workshop de mágica para aprender truques, pegar trejeitos, entender como é a postura de um mágico. Como ele pensa, como se relaciona com o palco. Durante as gravações, a gente bricanva que a série tinha um pouco de CSI e Agatha Christie. Quando era adolescente, era um leitor voraz de Agatha. Devorava aqueles livros. O grande Gonzalez tem um clima de suspense, reviravolta, mas com o nosso humor.
O Porta dos Fundos se consagrou com o humor despojado e crítico. Na estreia de produção para televisão, vocês optaram por misturar com o gênero policial. Como é para você essa mudança?
Os vídeos que a gente faz, desde o inicío do Porta, são como uma “instituição”. A gente domina muito. Óbvio que dá trabalho. Mas, como linguagem, é uma coisa que a gente faz há três anos. É muito gostoso e desafiador ter um produto diferente, de série mesmo... Eu fiz cenas por exemplo que não tinha uma piada, mas a situação é engraçada. Para o ator, é muito bom. A gente quer correr riscos.
Vocês já produziram muitos esquetes na internet. Como foi para fugir do óbvio em uma série de televisão?
Eu confio muito nessa família Porta dos Fundos. Eu confio no bom gosto do Ian (SBF, diretor da série e sócio do Porta dos Fundos) que trouxe esse projeto. A série estava há muito tempo na cabeça dele. O Porta tem vários projetos engatilhados. Tem milhões de ideias acontecendo, querem desenvolver coisas para cinema, televisão, teatro… A gente chegou através dos vídeos, mas eles são um ponto de partida para quantidade de ideia e criatividade que acontece a toda semana. É do cotidiano criar e desenvolver muita coisa.
A gente vive um momento inédito na teledramaturgia brasileira com o sucesso de Os dez mandamentos. Como você analisa esse momento?
Acho que todo mundo sai ganhando com a diversidade de conteúdo do Brasil. Eu vejo isso de forma otimista. Quanto mais o Brasil produzir conteúdo brasileiro, como A regra do jogo, Os dez mandamentos ou O grande Gonzalez, mais a gente vai para frente. Está gerando emprego. O brasileiro passa a se ver , e a gente tem opção de entretenimento. Tem gente que gosta de ver Os dez mandamentos, tem gente que gosta de ver a Bíblia, tem gente que gosta do humor do Porta. Ruim é você não ter opção. A gente viveu muito tempo sem ter opção de escolha de programação. Pode ser na televisão, fora dela, na internet…
Como enxerga o futuro da televisão?
O público não é mais passivo. O público quer um pouco mais do que ficar com a televisão ligada. A grande mudança é que o público quer escolher o que quer ver e como. Não acho que a televisão vá acabar. Só acho que a relação vai acontecer de uma outra maneira. Os televisores já estão se adaptando. Você consegue acessar os canais de TV por assinatura e os de internet, como o Porta dos Fundos. O que muda é o público querer ser mais dono do que está vendo e admnistrar o tempo. .