

A Polícia Civil do Rio de Janeiro vai investigar a denúncia de racismo contra a atriz Taís Araújo.
Na noite de sábado, uma foto publicada em seu perfil no Facebook recebeu diversos comentários ofensivos relativos à sua pele e seu cabelo. Depois de tomar conhecimento do episódio, a polícia determinou que um inquérito seja instaurado na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) da capital fluminense. Casos como o de Taís Araújo, da jornalista Maria Júlia Coutinho, do Jornal Nacional e outros envolvendo não famosos reacendem frequentemente o debate sobre o cerco a esse tipo de crime cometido na internet. Somente no ano passado, a organização não governamental (ONG) Safernet recebeu 86,5 mil denúncias no Brasil, de 17,3 mil páginas com conteúdo racista. Desse total, 11 mil (64,1%) estavam no Facebook.
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CAMPANHA
O episódio gerou comoção nas redes sociais, e a hashtag #SomosTodosTaisAraujo tornou-se uma das mais populares no Twitter, chegando ao terceiro assunto mais comentado na rede social no Brasil. Após a polêmica, a maioria das postagens racistas foi apagada pelos autores, mas diversos fãs da atriz disseram ter salvo as mensagens e que as encaminharia para denúncia. A foto que recebeu comentários preconceituosos foi publicada em 2 de outubro e os ataques se referiam ao cabelo de Taís. Até a noite de ontem, o desabafo da atriz no Facebook acumulava mais de 400 mil curtidas e superava os 50 mil compartilhamentos.

SOLIDARIEDADE
A campanha #SomosTodosTaisAraujo mobilizou milhares de fãs e muitos famosos amigos de Taís Araújo. A atriz Leandra Leal publicou mensagem de apoio, destacando a mensagem da companheira de profissão: “Muito obrigada por representar tanta coisa para todas as mulheres, por responder a agressividade com o amor e também por ser combativa e expor esse vergonhoso preconceito que nos assombra.” A cantora Preta Gil ressaltou a coragem da atriz e usou o caso para destacar sua luta contra o preconceito: “Como ela eu também sou atacada nas redes socias diariamente (no meu caso) por ser negra, gordinha e principalmente feliz e cercada de amor!!! Não podemos admitir isso hoje e nunca!!”
A jornalista e apresentadora de TV Fátima Bernardes publicou mensagem de apoio a Taís e ressaltou a importância de todos denunciarem ofensas sofridas em redes sociais. “Você fez o certo e espero que inspire muitas outras pessoas que passam pelo mesmo. Denuncie o racismo e a covardia de quem ofende achando que está protegido pelo anonimato. Essa luta é de todos que desejam um mundo melhor.”
O que diz a lei
O crime de racismo, previsto na Lei 7.716/1989, implica conduta discriminatória dirigida a determinado grupo ou coletividade. Nesses casos, cabe ao Ministério Público a legitimidade para processar o ofensor. A lei enquadra uma série de situações como crime de racismo. São mais comuns no país os casos enquadrados no artigo 20 da legislação, que consiste em “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. O crime de racismo é inafiançável e imprescritível, com pena de até 3 anos.