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Yoná Magalhães: relembre carreira de atriz que dedicou seis décadas de vida às artes

Morta nesta terça-feira, 20, aos 80 anos, veterana da TV e do cinema foi musa do cinema novo de Glauber Rocha e estrelou centenas de produções nas telinhas

Em seis décadas de carreira, Yoná Magalhães (1935-1985) foi estrela de muitos projetos, tanto nas telonas quanto na TV. Seu terceiro papel no cinema foi no mítico Deus e o diabo na Terra do Sol (1964), de Glauber Rocha, marco na história da produção nacional.

 

Relembre a carreira de Yoná Magalhães em fotos

 

Alçada ao posto de musa do cinema novo, a própria atriz se surpreendeu com o bom desempenho em frente às câmeras, uma vez que começou a atuar sem grandes pretensões, apenas para ajudar nas despesas da família. "Eu tinha que ajudar de alguma maneira, não sabia muito como, queria continuar os meus estudos. Gostava de brincar de teatro, essas coisas que todo mundo faz. Então eu digo: ‘Quem sabe não é por aí, né?’", contou a veterana ao site Memória da TV Globo.

Papel mais recente de Yoná na TV foi da socialite Glória Pais em 'Sangue bom' (2013)
Nascida em 7 de agosto de 1935, no Rio de Janeiro, Yoná começou com pequenos papéis em rádio nos anos 1950, até conseguir contrato com a Rádio Tupi. Das experiências radiofônicas surgiu a chance de estrelar a primeira novela, As professoras (1955) na TV Tupi. O teatro chegou mais tarde, com peças de grande projeção nacional como O amor é rosa bombom (1962).


Em uma de suas turnês teatrais, conheceu o produtor Luis Augusto Mendes, com quem casou-se. O casal se mudou para Salvador e, por lá, Yoná passou a integrar o grupo A Barca, que serviu de trampolim para o mergulho da atriz no universo de Glauber Rocha. "Eu não estava engajada em nada, eu não consegui perceber a grandeza daquela obra, não consegui perceber o significado. Também ninguém esperava que fosse o que foi", disse ela na mesma entrevista sobre Deus e o diabo na Terra do Sol.
Yoná como Rosa em 'Deus e o diabo na Terra do Sol' (1964), obra-prima de Glauber Rocha

A explosão no cinema trouxe, como de praxe, uma série de papéis marcantes em novelas. Eu compro esta mulher (1966), uma das produções mais marcantes na fase inicial da TV Globo, trouxe Yoná Magalhães em par romântico com o galã Carlos Alberto, uma combinação que ainda se repetiria por muitas vezes na telinha.

Depois de anos à frente das câmeras, a participação da atriz como a sensual Matilde de Roque Santeiro (1985) foi responsável por um dos convites mais inusitados de sua carreira. Aos 50 anos, Yoná topou ser capa da revista Playboy, em ensaio nu publicado em 1986.

 

O gesto marcou o público da década de 1980, pouco acostumado à projeção da sensualidade de mulheres maduras."Por causa da Matilde do Roque Santeiro, você vê? Foi uma coisa espantosa para as pessoas, mas eu já sabia que eu tinha perna há muito tempo", brincou a atriz no site Memória.

Seu papel mais recente na TV foi em Sangue bom, novela das 19h exibida em 2013. Vítima de problemas cardíacos, Yoná morreu às 10h05 desta terça-feira, 20, na Casa de Saúde São José, Zona Sul do Rio. A atriz deixa o filho Marcos Mendes.

Yoná Magalhães foi capa da Playboy em 1986, aos 50 anos, e se espantou com interesse do público