“Quando celebramos Viola e outras mulheres negras fazendo história em Hollywood agora, vamos nos lembrar também da força emocional, da postura visceral e da raiva elegante daquelas que vieram antes de nós”, pontuou, em artigo publicado no britânico The Guardian a ativista Rebecca Caroll, uma jornalista feroz no combate ao racismo. Nas redes sociais, o apoio a Viola foi irrestrito.
Do cinema para a tevê
Indicada ao Oscar e vencedora de dois prêmios Tony pela atuação na Broadway, Viola Davis precisou recorrer à tevê para chamar a atenção de Hollywood. São muitas as séries que carrega no currículo – 'New York Undercover', 'City of Angels', 'Third Watch' e, mais conhecidas no Brasil, 'Law & Order: Criminal Intent' e 'CSI'.
Antes de ganhar projeção em produções para as telinhas, a atriz teve uma longa imersão no mercado cinematográfico, que vai do pequeno papel em 'Onze homens e um segredo' (2001) à participação no longa 'Histórias cruzadas' (2012). A atuação foi marcante o suficiente para render uma indicação ao Globo de Ouro, ao Bafta e ao Oscar, em que concorreu com Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman e Amy Adams.
Alguns dias depois da premiação, em entrevista ao tabloide britânico The sun, Davis comentou que quase se negou a fazer o papel – uma babá negra oprimida pelos patrões – para renegar estereótipos. No entanto, a riqueza da personagem a conquistou. “A única possibilidade que existe é interpretar uma matriarca autoritária e vulgar. Se propuser algo diferente disso, você simplesmente desaparece. Não há personagem para você”, lamentou, num discurso que reclama os personagens destinados a mulheres negras e que converge com as falas do último domingo.
Ela não levou a estatueta para casa, mas, na estante, acumula mais de 30 prêmios nacionais e internacionais. No mesmo ano em que concorreu ao Oscar, foi considerada uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time. Depois da inevitável visibilidade conquistada a passos lentos, Viola Davis passou a ser nome frequente em películas com papeis mais expressivos, como em 'Comer, rezar e amar' (2010), adaptação de Ryan Murphy para o best-seller homônimo de Elizabeth Gilbert. Ela mesma reclamou, em entrevista a jornais internacionais, a posição em que era colocada: como uma ótima atriz relegada a papeis secundários e coadjuvantes.
Desde o ano passado, a carreira de Davis foi alavancada com série de suspense 'How to get away with murder' (Como matar sem ser punido, em tradução literal), de Shonda Rhimes, com segunda temporada com início nesta sexta-feira nos Estados Unidos, no canal ABC. No Brasil, a primeira temporada da trama é exibida pelo canal Sony, todas às quintas, às 21h30. Indubitavelmente, Davis vive um dos melhores papeis da carreira como a advogada e professora de direito Annalise Keating. Em entrevista ao The New York Times, ela comentou a bem-sucedida parceria com Rhimes. “Ela não estabelece limites na narrativa baseado em seu tom de pele, sexo ou idade.”