Série de TV, livro, espetáculo teatral, dois filmes. A franquia 'Meu passado me condena' é realmente sinônimo de sucesso. Enquanto os longas somaram juntos mais de 5 milhões de espectadores, com perspectiva até para um terceiro, a peça homônima, em cartaz há um ano e meio, lota todos os fins de semana o Teatro Frei Caneca, em São Paulo. “Eu sou dessa teoria de que quando você junta aos bons, você tira coisas boas”, acredita Mia Mello.
“No cinema, temos a Marisa Leão (produtora), que é uma mulher com know-how inigualável, entende de mercado e sabe o que está fazendo; e a Júlia Rezende (diretora), que apesar de ser nova, sabe o que quer. E ainda tem essa minha parceria com o Fábio (Porchat) que deu tão certo, uma sintonia impressionante, porque somos muito parecidos e empenhados, e tudo isso colabora”, conclui a atriz. Para Miá Mello, Meu passado me condena não é apenas “mais uma comédia”. Ela atrai também por ter qualidade. Mesmo com essa overdose de produtos, a atriz não sente o público saturado. “Muito pelo contrário”, diz. “As pessoas gostam e 'compram' esse casal.
Na peça, então, a plateia fica com os olhos brilhando e dá tanta risada. Vira e mexe alguém vem falar comigo de como gosta da Miá e do Fábio. Acho que ainda está muito longe de sentir o público cansado da gente.”
Desafios
Paulistana de 34 anos, Miá despontou na TV em 2011, fazendo a personagem Teena, uma adolescente irreverente, no programa Legendários, da Record. Atualmente vive um dos momentos mais produtivos da carreira. Formada em publicidade, ela chegou a trabalhar em dezenas de agências, mas a grande paixão sempre foi atuar. Decidiu então entrar para o Teatro-Escola Célia Helena, onde se graduou em artes cênicas. Durante um bom tempo fez parte do Deznecessários, trupe que contava com comediantes como Eduardo Sterblich e Paulinho Serra.
Apesar de seu nome estar associado sempre ao humor, a artista não se considera uma comediante, mas uma atriz que faz humor. “Tenho esse jeito mais leve, divertido, e quando você entra na televisão acaba ficando estigmatizado”, analisa. “Por isso meu grande desafio é conseguir trabalhar em outros gêneros, e estou correndo atrás disso, porque me sinto apta a fazer algo completamente diferente da minha personalidade.” Miá na verdade se chama Marília. “Quando eu nasci, minha irmã já tinha sete anos e aí falou: A Miá chegou. Nem sei por quê. E desde então, ninguém nunca mais me chamou de Marília. Se chama, eu nem atendo”, brinca.
Confira o trailer de 'Meu passado me condena 2':
Além de estar em cartaz nos palcos e no cinema com Meu passado me condena, a atriz pode ser vista, ou melhor, ouvida no filme infantil 'Divertida mente'. Na animação da Pixar/Disney, que se passa na cabeça de uma garotinha, cinco emoções – medo, tristeza, alegria, nojinho e raiva – tentam guiar a personagem pela vida. Miá deu voz à alegria. “Foi minha primeira experiência com dublagem e amei fazer. Foram 28 horas de trabalho, mas te digo que foi uma das experiências profissionais mais bacanas da minha carreira... Quando assisti, chorei de soluçar. Ele é bem tocante”, resume Miá.
Novas experiências
Recentemente, no canal pago Multishow, Miá integrou o elenco da sitcom 'Acredita na peruca', conduzido por Luiz Fernando Guimarães e sob direção de Charles Moeller. Na atração, ela encarnou Stephanie, uma ex-atriz pornô. Apesar de ter sido um dos papéis em que mais teve que fazer pesquisa, já que achou intrigante se aprofundar nesse universo da pornografia, Miá considerou a experiência como “delicada”.
“Conheci o Charles, que é uma máquina de trabalho, e também adorei a convivência com os outros atores, mas tenho minhas ressalvas quando assisto teatro na TV; me dá até uma certa agonia. A gente tem que falar muito alto para que o cara que está lá na última poltrona escute, gesticula demais. Acho meio complicado.” Miá não tem notícias se o programa teve boa audiência, mas acredita que vai ser difícil ele ganhar uma segunda temporada.
Mesmo se a atração não continuar, ela quer estreitar a parceria com Charles Moeller. Quem sabe até estrear em um musical. O diretor chegou a elogiar sua voz. “Ele disse que eu canto bem. (risos) E sabe que no filme que contraceno com a Bruna Lombardi, 'Amor em Sampa' (uma comédia musical romântica que estreia em janeiro), eu até canto? Posso sim pensar em fazer um musical em breve, por que não? Um bom ator tem que estar disponível para fazer de tudo não só em termos de gênero, mas de maneiras de se expressar”, defende.
No próximo mês, Miá Mello será dirigida novamente por Júlia Rezende no longa-megtragem 'Um namorado para minha mulher', adaptação do argentino 'Un novio para mi mujer' (2008), de Juan Taratuto. “Quero estar cada vez mais envolvida com a dramaturgia; é a minha grande paixão. Essa possibilidade de criar e desenhar tipos e personalidades me instiga demais. É o que sempre quis e quero pra minha vida”, finaliza.