Divulgado trailer da série 'Narcos' com Wagner Moura como Pablo Escobar

A produção de José Padilha estreia em 28 de agosto na Netflix

por Correio Braziliense 15/07/2015 12:59

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Netflix/Divulgação
Wagner Moura caracterizado de Pablo Escobar: o ator engordou 20 kg para viver o personagem (foto: Netflix/Divulgação)
 O serviço de streaming Netflix divulgou, nesta quarta-feira (15/7), o primeiro trailer oficial da série Narcos. O seriado tem produção de José Padilha (Tropa de elite) e é protagonizado pelo também brasileiro Wagner Moura. Ao todo serão dez episódios na primeira temporada, que estará disponível em 28 de agosto, na Netflix.

Narcos é uma produção original da plataforma e narrará o narcotráfico na Colômbia, com foco na história de Pablo Escobar, um dos maiores nomes do tráfico de drogas mundial. A série se passa no fim dos anos 1980 e em Medellín, na Colômbia.

Além de Wagner Moura no papel de Escobar, Narcos conta com os atores Boyd Holbrook (Garota exemplar), Pedro Pascal (Game of thrones), Juan Pablo Raba (El corazón del océano), Joanna Christie (Once), Stephanie Sigman (James Bond, Spectre), Manolo Cardona (Covert affairs), André Mattos (Tropa de elite), Luis Guzman (Boogie nights) e Ana de la Reguera (Eastbound & Down, Nacho Libre).
 

 
Confira entrevista com Wagner Moura sobre a produção
 
 O que significa um ator brasileiro interpretar um personagem colombiano tão marcante? 
 
Quando fui a primeira vez para Medellín, não contei para ninguém o que eu estava indo fazer lá. Eu era um brasileiro magro, com 76 quilos e que não falava espanhol… Mas o Zé Padilha, quando me chamou para fazer, ele acreditou. E comigo é assim: se o Zé acredita, eu acredito. Não ia decepcioná-lo. Eu acho que tinha que fazer aquilo que pudesse. Eu tenho muito orgulho desse trabalho e gosto muito do resultado. 

Em Narcos, você fala em inglês e espanhol. Como foi a adaptação da língua? 
Foi realmente a parte mais difícil. Eu não falo espanhol, mas o bom é que tive muito tempo para me preparar, que é como eu gosto de fazer as coisas. Então, comecei pelo básico. Fui para Medellín (Colômbia) e fiquei lá aprendendo espanhol e conversando com as pessoas. Com o tempo, pesquisei sobre Pablo (Escobar) e me aproximei mais dele, estando lá. 

 
Cheguei em abril de 2014 em Medellín. Fui por minha conta, antes mesmo de o Netflix me contratar. Fiquei lá por 15 dias, depois voltei para o Brasil para lançar o filme Praia do futuro (de Karim Aïnouz) e um tempo depois retornei para a Colômbia. Começamos a filmar Narcos em setembro. Só que eu já estava com esse personagem na cabeça desde o fim de 2013, quando o José Padilha me convidou. 

Qual é a imagem que resta hoje de Pablo Escobar em Medellín? 
 
Eu fui no Bairro Pablo Escobar, construído por ele. Escobar deu 2 mil casas para os pobres que viviam em um lixão em Medellín. Quando você vai lá, tem uma foto no muro do Pablo Escobar e ao lado a imagem do Menino Jesus. Nas casas tem uma fotografia de Pablo. Ele inventou uma coisa chamada narcoterrorismo. Ele os chantageava metendo bomba na cidade. As vítimas de Pablo são muitas. Por isso, ele é um personagem tão interessante, amado por muitas pessoas e odiado por várias. 

A série chega num momento em que  Pablo Escobar é assunto de outras três produções. Por que as pessoas estão trazendo de novo essa história? 
 
Não sei, eu acho que no caso da gente eu vejo pelo trabalho do Zé. Pelo que conheço dele, essa série é uma ideia dele, que tem essa coisa de querer explicar. O trabalho tem uma estrutura dramática dos arcos que é muito parecido com o Tropa de elite. É essa vontade do Padilha de entender uma realidade e explicar alguma coisa, balanceando esse lado épico com um aspecto dramático mais forte, com ação e com algo que seja atrativo, que tenha entretenimento e, ao mesmo tempo, revele uma realidade política e social. No caso, é entender a origem do narcotráfico no mundo, que é uma coisa que existe até hoje. 


Existe muito material sobre Pablo Escobar. Qual recorte José  Padilha deu para fazer Narcos diferente? 
 
O diferencial é que não é uma série de Pablo Escobar. É uma série sobre o narcotráfico no mundo, que não pode ser falada sem o Cartel de Medellín. 

Falando em tráfico, qual é sua opinião sobre a política de guerra às drogas? 
 
A minha opinião é que as drogas deveriam ser legalizadas. Digo isso já há muito tempo. Não sou nenhum especialista, mas a política de confronto às drogas me parece ineficaz. A tendência é que isso vá se dilatando. Hoje em dia, o consumidor não é tão penalizado como há cinco anos. Vejo como um problema de saúde pública e, não como segurança. Medir os óbitos por overdose e os das guerras ao tráfico não tem comparação. Acho que se gasta muito mais. Aí, talvez esteja a chave: a quem interessa o gasto com as armas de fogo na guerra contra às drogas? 

Você tem alguma opinião sobre a desmilitarilização da polícia? 
 
Eu sou totalmente a favor da unificação e da desmilitarilização da polícia. O que é a Polícia Militar hoje parece um vestígio da ditadura. É um negócio estranho. A polícia no Brasil é uma questão muito séria. Como ela age, a preparação, quanto ganha um policial, a formação e a relação do profissional. O que acontece no Brasil, que acho muito interessante, é que a polícia, de um modo geral, existe para proteger o estado e não o cidadão. Quando se fala em proteger o estado, o que ocorre na prática é proteger o estado contra gente pobre. É um rolo grande para desenrolar. Então, sou a favor da desmilitarização. 

Como foi o processo de trabalho de gravar uma série? 
 
Eu nunca tinha feito essa coisa de série: faz uma temporada e depois faz outra. Mas a sensação era de fazer um filme gigante, essa coisa que dá para ter vários diretores. Não tinha aquela sensação de que você está fazendo uma novela, com 20 cenas em um dia. Claro que tinha momentos que eram de mais correria, altos e baixos... Foram cinco ou seis meses de trabalho. Mas, de um modo geral, a sensação é de fazer um filme gigante. 

Você sempre interpreta personagens que burlam a lei. Você gosta disso? 
 
Personagem certinho é muito chato. Esse negócio de fora da lei não é uma coisa que eu busque. Eu procuro personagens legais e a chance de trabalhar com diretores interessantes. 

As séries atuais perderam essa coisa de personagem bom e mau e hoje têm a presença dos anti-heróis. Essa figura está em Narcos também? 
 
Essa série é zero maniqueísmo. O policial americano vai dizer no primeiro capítulo, que o que ele fez não foi legal. Acho que é tudo bem relativizado. 

Você tem acompanhado o noticiário em torno do Polo Cinematográfico de Paulínia? Ele foi fechado e tem sido usado para gravação de novelas de uma emissora, o que você acha disso? 
 
Uma pena. Paulínia apareceu como uma força do cinema brasileiro. Houve uma época em que quase todos os filmes tinham o nome de Paulínia. A última notícia que vi era que o cinema em Paulínia tinha virado lei. Portanto, a mudança de prefeito não alteraria isso. 

A repórter viajou a convite da Netflix 

“Eu sou totalmente a favor da unificação e da desmilitarilização da polícia. O que é a Polícia Militar hoje, parece um vestígio da ditadura. É um negócio estranho”


“Personagem certinho é muito chato. Esse negócio de fora da lei não é uma coisa que eu busque. Eu procuro personagens legais e a chance de trabalhar com diretores interessantes”


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