Marcos Winter e Simone Spoladore em 'Magnífica 70' - Foto: HBO / DivulgaçãoEm tempos de conservadorismo em alta na televisão aberta, com novelas como 'Babilônia' (TV Globo) 'sofrendo' consequências, 'Magnífica 70' soa como um exemplo de liberdade criativa que impera na televisão por assinatura. A trama aborda censura, repressão individual, liberdade, pornochanchada e paixão por cinema. Em 13 episódios, o novo seriado da HBO Brasil é inspirado no polo cinematográfico Boca do Lixo. Ambientada na década de 1970, a primeira série brasileira de época do canal estreou neste domingo, com direção de Claudio Torres e Carolina Jabor.
Personagens com vida dupla dominam o drama. A produção gira em torno do censor Vicente (Marcos Winter), casado com Isabel (Maria Luisa Mendonça). O repressor vive o conflito de se fascinar com as cenas da atriz pornô Dora (Simone Spoladore), nome artístico de Vera. "A série não é um documentário sobre ditadura ou Boca do Lixo. A gente fala de paixão pelo cinema, das fazes de produção de um filme daquela época e de conflitos de personagens", antecipa o protagonista.
A interferência da censura está nas lembranças pessoais de atores da série. Winter nasceu em plena ditadura militar. Para viver o personagem, ele se debruçou em pesquisas, conversas com pessoas que trabalhavam na época e resgatou memórias. "Eu peguei o fim da censura. Quando comecei a fazer teatro, eu cheguei a pegar as velhinhas da censura para assistir aos espetáculos. Ficava torcendo pela liberação", recorda.
As cenas de nudez são protagonizadas por Simone Spoladore, que se inspirou na musa do cinema marginal Helena Ignez para viver Dora/Vera. "Ela potencializa o feminismo na personagem. É uma mulher forte", ressalta Spoladore. "A série não é erótica. É um drama sobre pessoas que faziam filmes naquela época. Na série, a nudez foi inserida dentro de uma estrutura dramática. Todos os filmes da Boca do Lixo tinham uma característica ousada sobre o ponto de vista da nudez", conclui Claudio Torres.