
O apelo da série de Matthew Weiner (produtor da premiada 'Família Soprano') não está tanto na trama, mas sim nos personagens — desenvolvidos com profundidade e sem discursos conciliadores. Eles são construídos como pessoas de seu tempo, refletindo os preconceitos arraigados a uma época anterior aos grandes movimentos pró-direitos civis, e se transformando ao longo desse período tão tumultuado.
Confira trailer da temporada final de 'Mad men':
Além disso, o rigor de Weiner com o roteiro e sua obsessão pela reconstrução meticulosa da década por meio de figurino, maquiagem e direção de arte conferiram a marca de qualidade da série.
Juntamente com 'Breaking bad', 'Mad men' consolidou os caminhos abertos por séries como 'Família Soprano' (1999–2007) e 'A escuta' (2002–2008), na chamada segunda era de ouro da televisão americana (a primeira foi registrada entre os anos 1950 e 1960).
Na contramão das propostas comerciais da TV aberta, canais fechados como HBO, AMC e Showtime adotaram uma lógica de produção mais própria do cinema independente, com temporadas curtas (com média de 10 capítulos). O publicitário Don Draper, o químico Walter White e o mafioso Tony Soprano estabeleceram o modelo do anti-herói, que ressoa, de forma ainda mais sombria, nas atuais 'House of cards' e 'True detective'.
'Mad men' acaba em um momento em que o consumo de séries muda novamente de perfil. O padrão VoD (em português vídeo sob demanda) deu força financeira a empresas como Netflix e Amazon, que passaram a produzir as próprias atrações. Com qualidade reconhecida, esses trabalhos contam com altos investimentos e a participação de atores consagrados.
MAD MEN
Toda segunda-feira, às 21h, na HBO Brasil. Não recomendado para menores de 16 anos.