Quem passa pela rua José Rafaeli, travessa da Avenida Guarapiranga, na zona sul de São Paulo, logo se impressiona com a gigantesca arte que estampa o muro de 80 metros de comprimento de uma fábrica de plásticos. Chaves, Dona Florinda, Kiko, Seu Madruga, Professor Girafales, Chiquinha e a Bruxa do 71: nunca antes os personagens do seriado mexicano 'Chaves' estiveram tão vivos na capital paulista.
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“A gente dividiu os trabalhos. Enquanto dois meninos pintavam o fundo, eu e meu irmão (Pedro) desenhávamos o rosto dos personagens. O mural estava completamente deteriorado com pichações. Nós estávamos procurando um lugar assim para desenvolver o trabalho. Daí achamos esse local. Contei a história para o presidente da empresa, que, gentilmente, forneceu o espaço para a nossa arte”, afirma Paulo.
Os grafiteiros, que tiraram dinheiro do próprio bolso, mas contaram com o patrocínio de duas empresas para terminar de pintar o mural, estimam que gastaram, ao todo, R$ 6 mil. Cada personagem tem, em média, 7 ou 8 metros de comprimento.
“A ideia era retratar a vila mais famosa do mundo. O seriado marcou a vida de muita gente, incluindo a minha e a do meu irmão. Nada mais justo do que prestar esse tributo”, ressalta Paulo. A popularidade dos personagens de Bolaños no Brasil é tanta que, em dezembro, após sua morte, o SBT - que exibe os episódios de 'Chaves' desde 1984 - organizou uma exposição sobre o ator no Memorial da América Latina. Fãs fizeram filas e esperaram horas para poder entrar em uma reprodução da Vila do Chaves.
As pinturas foram feitas ao longo de 26 dias. Este, no entanto, não é o primeiro mural em homenagem ao ator mexicano. No início de 2015, Paulo já havia pintado um outro com todos os personagens interpretados pelo ator. Chapolin, Chispirito e Doutor Chapatim estão em um muro do bairro do Campo Limpo, também na zona sul de São Paulo.
Paulo, que grafita há mais de 20 anos, ainda planeja outros murais. O artista quer fazer uma pintura para homenagear Chico Anysio e seus personagens clássicos, incluindo Alberto Roberto, Bento Carneiro, Coalhada, Painho e Pantaleão. “O humor é algo que edifica a sociedade. Toda forma de fazer com que as zonas periféricas da cidade fiquem mais bonitas é válida”, complementa Paulo.