

Longe de ser um telespectador assíduo de folhetins, o cineasta comenta que foi a partir do beijo lésbico que passou a se interessar pela trama. “O boicote é um mecanismo da sociedade em defender seus interesses. Mas não acredito em boicote como negação do direito dos outros. E no caso da novela, estão boicotando o amor. Isso revela o momento crítico que estamos vivendo”, afirma ele, acrescentando que religiões, quaisquer que sejam, “pregam o amor”.
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Um lado
Professora de história e comunicação social na UFMG, Regina Helena Alves da Silva afirma que mais recentemente vem assistido aos folhetins antigos de Gilberto Braga. Graças a reprises do canal pago Viva, acompanhou, há pouco, 'Dancin’ days' (1978) e 'Água viva' (1980). E, na medida do possível, tem assistido à 'Babilônia'.

Sem entrar em discussões de redes sociais, telespectadoras que adoram uma novela e regulam em idade com as personagens de Fernanda Montenegro e Nathália Timberg se dizem insatisfeitas com a produção. “Quando soube que ótimas atrizes iam fazer papel de lésbicas, eu vi que não ia dar certo”, afirma Joana Maria de Mesquita Santos, avó de quatro netos. “Fiquei enojada de ver aquilo. Mas não só. A Glória Pires matar o motorista a sangue-frio (também no primeiro capítulo de 'Babilônia'), mostra muita violência. 'Império' terminou agora com o filho matando o pai. É muito mau exemplo. Novela tinha que ser coisa mais alegre e simples”, diz ela, que agora, na faixa das nove da noite, mantém a TV desligada.
A dona de casa Helenice Tavares França também não está satisfeita. “Para a gente, de mais idade, ver isso é chato. Já vi duas mocinhas na rua, de mãozinha dada e tudo, mas duas senhoras de mais de 80 anos me deixou chateada. Não achei um absurdo, mas não gostei. Acho que estão exagerando nas novelas.” Já Silene Zuquim só viu o primeiro capítulo. “As novelas atuais estão dando exemplo muito ruim para os jovens. Tudo é normal”, diz ela, que na hora da trama noturna prefere se dedicar a um livro. Novela, por ora, só 'Alto astral', às sete da noite.

Com seis netos, Silnêz Viotti acha 'Babilônia' “meio pra frente”, mas só vai desligar a televisão se um dos netos estiver por perto. “São crimes, traições, cenas de sexo demais.” A despeito disso, Silnêz boicotou o boicote. Pelo menos em seu grupo no WhatsApp. “Até escrevi para as minhas amigas que queriam o boicote. Que bobagem! Deixar de assistir a uma novela não vai mudar a vida de ninguém”, conclui.