Um dos chamarizes na divulgação de 'Babilônia', trama que substituirá 'Império' na faixa das nove da TV Globo a partir da próxima segunda, é o fato de a novela assinada por João Ximenes Braga, Ricardo Linhares e Gilberto Braga escalar as atrizes Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg como um casal gay.
Para Ximenes Braga, no entanto, isso é apenas natural. “Primeiro, porque eu sou gay, convivo com gays no trabalho e na vida pessoal”, diz. “Para mim, criar personagens gays é algo que vem naturalmente.” E prossegue: “Segundo, Albert Kinsey, o grande pioneiro em estudos sobre sexualidade humana, lançou a estimativa de que 10% da população seria homossexual. Numa pesquisa do Instituto Gallup, nos Estados Unidos, em agosto de 2002, a estimativa já aumentou para uma em cada cinco pessoas. Então, na boa, num universo de 50 personagens, qual o grande problema de termos quatro personagens gays?”, diz, anunciando a presença de mais dois homossexuais em 'Babilônia'.
“Não se trata de uma obrigação, mas é natural que haja personagens gays em novelas, porque os gays estão aí na vida, trabalhando, vivendo, lutando por direitos, sem medo de mostrar a cara. A novela espelha a sociedade. Parece que é novidade, porque durante a ditadura a censura não permitia. Gilberto Braga sofreu muito com isso em 'Brilhante'”, afirma o autor.
Ximenes Braga trabalha há uma década com Gilberto Braga, desde que foi chamado para colaborar na sinopse de Paraíso tropical. “Fui crescendo dentro do grupo (de colaboradores do novelista) porque mostrei serviço. Hoje, somos muito bem afinados. O funcionamento é tão simples que nem sei explicar”, diz. Ele conta que em 'Babilônia' criaram tudo juntos, em reunião. “Para elaborar a sinopse eram três encontros semanais, com cerca de cinco horas de duração cada um.” A partir de agora, ele, Gilberto Braga e Ricardo Linhares fazem apenas uma reunião semanal para tratar da trama.
“As pessoas tendem a achar que cada um cuida de um núcleo. Isso não existe, todos temos que ter domínio de todos os personagens, tudo é criado de forma coletiva”, aponta. Enquanto os colaboradores anotam as decisões tomadas em cada reunião, ele faz a chamada “escaleta” – a estrutura dos capítulos. Fica a cargo dos colaboradores a elaboração dos diálogos.
Gilberto Braga cuida de uma primeira revisão do capítulo; ele, da segunda; e Ricardo Linhares da redação final. “Cada um se responsabiliza por um estágio da confecção do capítulo”, explica o novelista, lembrando, no entanto, que a criação de uma novela é coletiva, como todos os autores sempre atentos a tudo.
Oriundo da famosa oficina de autores da TV Globo, o novelista gosta de dizer que foi “alfabetizado” assistindo à 'Escrava Isaura', fez vestibular vendo 'Vale tudo' e iniciou carreira profissional, como jornalista, assistindo a 'Anos dourados'.
Todas as tramas, não por acaso, têm a assinatura de Gilberto Braga. “Já estou encarando a ‘figura’ há 10 anos. Ele deixou de ser mito para mim. É um companheiro de trabalho”, afirma Ximenes Braga. Confessa, no entanto, que na primeira vez em que foi a uma reunião de trama na casa do mestre estava muito nervoso. “Hoje é um passeio no parque.” Já Ricardo Linhares ele considera um “gênio” da estrutura e do ritmo. E diz que recebeu dele essa “batata quente”, para que Linhares cuide do texto final de 'Babilônia'. “Mas ele me ajuda na estrutura. Nós nos falamos umas cinco vezes ao dia, por telefone, e trocamos dezenas de e-mails.”
Ximenes Braga cita entrevista recente de Kevin Spacey, intérprete de um político implacável e moralmente corrupto na série 'House of cards', que se gabava de o espectador sentir repulsa e atração, simultaneamente, por seu Frank Underwood , e diz que já é tradicional nas novelas brasileiras esse tipo de personagem. “São os nossos vilões. Esperamos que tanto Beatriz (Glória Pires) quanto Inês (Adriana Esteves, as duas vilãs da novela) tenham esse efeito em 'Babilônia'.”
No entanto, Ximenes Braga ressalta que Regina, a personagem-mocinha vivida por Camila Pitanga, é uma espécie de sol da trama. “A novela precisa de Regina para ter luz, senão, nem Beatriz nem Inês vão aparecer. Correriam o risco de viver no breu.”
O novelista acredita que tem uma “história forte” para contar ao público. “Estamos confiantes, mas não há como prever a reação dos espectadores.” Depois de estrear “muito nervoso” como titular no horário das seis, com Lado a lado, que ganhou um Emmy em 2013, ele diz que sua expectativa em torno de 'Babilônia' é diferente. “Claro que a faixa das nove tem mais peso, mas estou com dois autores experientes no horário e sou o terceiro na hierarquia, o que ajuda a controlar a ansiedade. Mas fico orgulhoso, sim. Minha primeira novela levou um Emmy e a segunda já é no horário nobre, coassinando com mestres. Oxalá me protege muito.”
Sistema de cotas é um dos temas
'Babilônia', que substitui 'Império' no horário das 21h na TV Globo, é ambientada no Morro da Babilônia, no Rio, além de fazer referência, também, à babilônia metafórica. Camila Pitanga e Thiago Fragoso vivem o casal protagonista. Regina, a personagem de Camila, é moradora da comunidade e seu par romântico é um advogado idealista, que vai lutar contra injustiças. Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg vão formar o casal gay do folhetim. Duas mulheres de 80 anos que vivem um casamento.
Uma das vilãs da história será interpretada por Glória Pires. Trata-se de Beatriz, uma ninfomaníaca que se livra dos homens depois de seduzi-los. Ela terá uma rivalidade ferrenha com Inês, a outra vilã, que será interpretada por Adriana Esteves. Ainda no time do mal, Bruno Gagliasso viverá um cafetão responsável por tornar a personagem de Sophie Charlotte uma prostituta de luxo.
O folhetim vai abordar a questão das cotas nas universidades por meio da personagem de Sheron Menezes, além de outros temas atuais. Marcos Veras, Cassio Gabus Mendes, Daisy Lúcidi e Thiago Martins também estão no elenco da trama, ao lado de Chay Suede, Gabriel Braga Nunes, Marcos Palmeira, Maria Clara Gueiros, Dudu Azevedo, Marcos Pasquim e Herson Capri.
Uma das vilãs da história será interpretada por Glória Pires. Trata-se de Beatriz, uma ninfomaníaca que se livra dos homens depois de seduzi-los. Ela terá uma rivalidade ferrenha com Inês, a outra vilã, que será interpretada por Adriana Esteves. Ainda no time do mal, Bruno Gagliasso viverá um cafetão responsável por tornar a personagem de Sophie Charlotte uma prostituta de luxo.
O folhetim vai abordar a questão das cotas nas universidades por meio da personagem de Sheron Menezes, além de outros temas atuais. Marcos Veras, Cassio Gabus Mendes, Daisy Lúcidi e Thiago Martins também estão no elenco da trama, ao lado de Chay Suede, Gabriel Braga Nunes, Marcos Palmeira, Maria Clara Gueiros, Dudu Azevedo, Marcos Pasquim e Herson Capri.