Arlete Pinheiro Esteves Torres, nascida Silva, completa nesta quinta-feira 85 anos. Essa senhora nasceu no Rio - em 16 de outubro de 1929 - e você pode até achar que não sabe quem é, mas sabe, sim. Pois foi com o nome de Fernanda Montenegro que ela se transformou na grande dama da representação no País.
Consagrada no teatro, onde integrou a lendária companhia Teatro dos Sete, incorporou a televisão e o cinema aos seus domínios. Além da enxurrada de prêmios que ganhou no Brasil, venceu o Urso de Prata de atriz por Central do Brasil, de Walter Salles, no Festival de Cannes de 1998, e foi indicada para o Oscar pelo mesmo papel. Se a Academia de Hollywood falhou com ela - preferindo premiar a fadinha loira Gwyneth Paltrow de Shakespeare Apaixonado -, o Emmy International foi mais sensível ao sortilégio de Fernanda e ela ganhou, no ano passado, o Emmy, o Oscar da TV, pelo papel no telefilme Doce de Mãe, de Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo.
Em 1999, o então presidente Fernando Henrique Cardoso lhe atribuiu a maior distinção que o Brasil confere a um/uma civil - a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito. E em 2013 a revista Forbes considerou-a uma das 15 mais influentes personalidades brasileiras. Por tudo isso, e embora não goste muito, ela costuma ser chamada de 'Fernandona', um pouco para diferenciá-la da filha, a também atriz (e escritora) Fernanda Torres, chamada de 'Fernandinha'. A família tem a arte no DNA. Fernanda Montenegro é viúva do ator e diretor Fernando Torres, que morreu em 2008. E é mãe, além de Fernand(inh)a, do também diretor Cláudio Torres, que já a dirigiu em Redentor. O genro, o marido de Fernanda Torres, Andrucha Waddington, dirigiu as duas em Casa de Areia e fez de Fernandona a insuperável intérprete de seu episódio em Rio, Eu Te Amo. Imagine - a grande dama das artes no papel de uma moradora de rua. E não é que ela convence? A questão não é essa. Quando Fernanda não convenceu?
Nascida no bairro carioca do Campinho, filha de uma dona de casa e um mecânico, Fernanda, ou melhor, Arlete frequentou escola pública. Como a família não nadava em dinheiro, garota ainda foi fazer o curso de secretariado, que trocou por um concurso para locutora na rádio MEC. Foi rádio-atriz, e na Rádio do MEC adotou o pseudônimo. Nasceu Fernanda Montenegro. Em 1950, aos 21 anos, estreou no teatro, ao lado do futuro marido (e companheiro por toda a vida). Antes das Companhia dos Sete, integrou o elenco da Companhia Maria Della Costa e o TBC, o Teatro Brasileiro de Comédia. Entre muitas peças, atuou em A Moratória, de Jorge Andrade; Mary-Mary; Mirandolina, de Carlo Goldoni; e As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant, de Rainer Werner Fassbinder; Fedra, de Racine; Dias Felizes, de Beckett etc.
A estreia no cinema ocorreu em 1964 com A Falecida, que Leon Hirszman adaptou da peça de Nelson Rodrigues. Com Leon Hirszman, ela também fez Eles não Usam Black-tie e o filme, baseado na peça de Gianfrancesco Guarnieri, foi premiado em Veneza. A cena final, em que Fernanda e Guarnieri, em silêncio, catam feijão, entrou para a história do cinema brasileiro. Na TV, integrou o elenco do Grande
Teatro Tupi, fez novelas e teleteatro na TV Rio, na Excelsior e na Bandeirantes. em 1981, fez a primeira novela na Globo, que virou sua casa. Depois de Baila Comigo, de Manoel Carlos, emendou textos de Gilberto Braga (Brilhante) e Sílvio de Abreu (Guerra dos Sexos e Cambalacho). Foi até Nossa Senhora - em O Auto da Compadecida, de Guel Arraes, adaptado de Ariano Suassuna que foi microssérie antes de estourar como filme. Nunca mais parou. Agora mesmo, vai voltar às novelas fazendo par homossexual com Nathalia Timberg na próxima novela de Gilberto Braga, Babilônia.
Filmes, peças, novelas. Propaganda - quem não se lembra de Fernanda e do marido fazendo comercial da Brahma? Ela gosta de contar que, além de todos os autores brasileiros e internacionais que fizeram sua cabeça, deve muito a duas mulheres, duas autoras. Simone de Beauvoir fez dela uma pró-feminista, mesmo que não tenha sido daquelas de queimar sutiã. Adélia Prado a adoçou com sua poesia. Hoje, nos 85 anos de Fernanda Montenegro, vale repetir o que disse a presidente Dilma Rousseff no Twitter, quando ela ganhou o Emmy - 'Fernanda, você é um orgulho nacional'.
Consagrada no teatro, onde integrou a lendária companhia Teatro dos Sete, incorporou a televisão e o cinema aos seus domínios. Além da enxurrada de prêmios que ganhou no Brasil, venceu o Urso de Prata de atriz por Central do Brasil, de Walter Salles, no Festival de Cannes de 1998, e foi indicada para o Oscar pelo mesmo papel. Se a Academia de Hollywood falhou com ela - preferindo premiar a fadinha loira Gwyneth Paltrow de Shakespeare Apaixonado -, o Emmy International foi mais sensível ao sortilégio de Fernanda e ela ganhou, no ano passado, o Emmy, o Oscar da TV, pelo papel no telefilme Doce de Mãe, de Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo.
Em 1999, o então presidente Fernando Henrique Cardoso lhe atribuiu a maior distinção que o Brasil confere a um/uma civil - a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito. E em 2013 a revista Forbes considerou-a uma das 15 mais influentes personalidades brasileiras. Por tudo isso, e embora não goste muito, ela costuma ser chamada de 'Fernandona', um pouco para diferenciá-la da filha, a também atriz (e escritora) Fernanda Torres, chamada de 'Fernandinha'. A família tem a arte no DNA. Fernanda Montenegro é viúva do ator e diretor Fernando Torres, que morreu em 2008. E é mãe, além de Fernand(inh)a, do também diretor Cláudio Torres, que já a dirigiu em Redentor. O genro, o marido de Fernanda Torres, Andrucha Waddington, dirigiu as duas em Casa de Areia e fez de Fernandona a insuperável intérprete de seu episódio em Rio, Eu Te Amo. Imagine - a grande dama das artes no papel de uma moradora de rua. E não é que ela convence? A questão não é essa. Quando Fernanda não convenceu?
Nascida no bairro carioca do Campinho, filha de uma dona de casa e um mecânico, Fernanda, ou melhor, Arlete frequentou escola pública. Como a família não nadava em dinheiro, garota ainda foi fazer o curso de secretariado, que trocou por um concurso para locutora na rádio MEC. Foi rádio-atriz, e na Rádio do MEC adotou o pseudônimo. Nasceu Fernanda Montenegro. Em 1950, aos 21 anos, estreou no teatro, ao lado do futuro marido (e companheiro por toda a vida). Antes das Companhia dos Sete, integrou o elenco da Companhia Maria Della Costa e o TBC, o Teatro Brasileiro de Comédia. Entre muitas peças, atuou em A Moratória, de Jorge Andrade; Mary-Mary; Mirandolina, de Carlo Goldoni; e As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant, de Rainer Werner Fassbinder; Fedra, de Racine; Dias Felizes, de Beckett etc.
A estreia no cinema ocorreu em 1964 com A Falecida, que Leon Hirszman adaptou da peça de Nelson Rodrigues. Com Leon Hirszman, ela também fez Eles não Usam Black-tie e o filme, baseado na peça de Gianfrancesco Guarnieri, foi premiado em Veneza. A cena final, em que Fernanda e Guarnieri, em silêncio, catam feijão, entrou para a história do cinema brasileiro. Na TV, integrou o elenco do Grande
Teatro Tupi, fez novelas e teleteatro na TV Rio, na Excelsior e na Bandeirantes. em 1981, fez a primeira novela na Globo, que virou sua casa. Depois de Baila Comigo, de Manoel Carlos, emendou textos de Gilberto Braga (Brilhante) e Sílvio de Abreu (Guerra dos Sexos e Cambalacho). Foi até Nossa Senhora - em O Auto da Compadecida, de Guel Arraes, adaptado de Ariano Suassuna que foi microssérie antes de estourar como filme. Nunca mais parou. Agora mesmo, vai voltar às novelas fazendo par homossexual com Nathalia Timberg na próxima novela de Gilberto Braga, Babilônia.
Filmes, peças, novelas. Propaganda - quem não se lembra de Fernanda e do marido fazendo comercial da Brahma? Ela gosta de contar que, além de todos os autores brasileiros e internacionais que fizeram sua cabeça, deve muito a duas mulheres, duas autoras. Simone de Beauvoir fez dela uma pró-feminista, mesmo que não tenha sido daquelas de queimar sutiã. Adélia Prado a adoçou com sua poesia. Hoje, nos 85 anos de Fernanda Montenegro, vale repetir o que disse a presidente Dilma Rousseff no Twitter, quando ela ganhou o Emmy - 'Fernanda, você é um orgulho nacional'.