Eles haviam atraído a então menina, oferecendo-lhe doces antes de atacá-la, primeiro individualmente e depois em conjunto em seu quarto. Ela não quis denunciar o caso à autoridades, porque, "por mais estranho que possa parecer, eu não queria que eles entrassem em apuros", disse. Mas quando decidiu falar com os assistentes sociais, não obteve nenhum resultado.
É desses assistentes de quem ela guarda maior rancor atualmente. "Eles tinham o dever de cuidar de mim, e não apenas uma obrigação social, mas uma obrigação legal de fazê-lo. Eles falharam lamentavelmente, mas eu sobrevivi", desabafou.
Ela disse que decidiu falar sobre o seu caso após as revelações no final de agosto sobre centenas de agressões sexuais cometidas há 16 anos em Rotherham (norte da Inglaterra). A atriz passou a maior parte de sua infância e adolescência em abrigos, tendo tido um pai violento que foi preso, uma mãe deprimida e um padrasto, já falecido, que era alcoólatra e que também passou pela prisão.
"Eu achava que eles eram pessoas muito legais, então fiquei realmente chocada quando aconteceu", relatou a atriz de 37 anos, citando seus agressores. "E, no fim, ninguém teria acreditado em mim, porque eles eram os mais legais, as pessoas mais agradáveis. Aqueles com os melhores sapatos, os melhores carros, tudo isso", ela disse.
A atriz foi indicada ao Oscar duas vezes: em 1999 ao prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante por 'Poucas e Boas', de Woody Allen, e em 2004 por seu papel em 'Terra dos Sonhos', de Jim Sheridan.